"Enildo Alves está em rota de colisão com ex-prefeito", diz vereador George

Pré-candidato à reeleição, o vereador George Câmara (PCdoB) declarou, em entrevista a'O Poti/Diário de Natal, que, caso o ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT), pré-candidato a prefeito, não confirme uma aliança proporcional restrita ao PDT e ao PCdoB, os pedetistas buscarão outra alternativa para as eleições de 2012.

George Câmara
Ele admitiu que o PCdoB mantém conversas com o PT. No entanto, pressionou o pedetista para a confirmação da aliança que, segundo ele, foi acordada no mês passado. "O PCdoB não rompeu com a coligação proporcional com o PDT. Chamamos o PDT para cumprir com o que foi acordado. Ele não cumprindo, ficamos à vontade para procurar outros partidos, dentro desse leque de forças de sustentação do governo Dilma". George comentou também a aprovação da Lei da Ficha Limpa para cargos do Executivo municipal, o resultado da CEI dos Contratos e a rejeição das contas de Carlos Eduardo pela Câmara Municipal. Confira a entrevista.

O PCdoB desde 2010 tem se mostrado um aliado de primeira hora do ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT). Mas poderá sair do grupo liderado por ele nessas eleições por divergências na elaboração da composição proporcional. Como é a relação do partido com o ex-prefeito hoje?
O PCdoB foi o único partido da base aliada que, ao final do mandato do ex-prefeito Carlos Eduardo, não contribuiu para diminuir a liderança dele. O partido continuou no projeto de fortalecer sua liderança, por considerá-lo um ótimo nome na base do ex-presidente Lula e agora da presidente Dilma (PT).

Nós fomos os únicos inclusive que o apoiamos para o governo do estado na campanha de 2010. Procuramos fortalecer esse projeto, por considerá-lo uma liderança em ascensão. Continuamos nos reunindo com ele periodicamente, como também com PT e PSB, que fazem parte da base aliada. Buscamos uma forma de sairmos juntos e buscar vencer na disputa pela prefeitura de Natal. Houve um acerto do PDT com o PCdoB de que nós faríamos a coligação entre os dois partidos na proporcional.

Vindo outras legendas, elas somariam na majoritária, mas fariam outra coligação proporcional, como a legislação permite. Isso porque o PCdoB tem o projeto de manter a cadeira na Câmara e ampliar para mais uma ou mais duas. O partido vê a possibilidade concreta de realizar isso, com base real. Não é sonho. O PDT também almeja aumentar sua presença. Acredito que não quer eleger apenas a vereadora Sargento Regina. Quer eleger mais um ou dois. O caminho para isso é uma coligação compatível com o nosso tamanho.

Chegou um momento em que o ex-prefeito mudou o discurso e desfez esse compromisso de aliar seu partido só ao PCdoB na proporcional para formar um chapão tanto na majoritária quanto na eleição para vereador?
O PCdoB tomou conhecimento desta posição do presidente estadual do PDT (Carlos Eduardo) após a entrada do PSB no grupo, por ocasião na véspera da votação das contas do ex-prefeito relativas ao ano de 2008. Havia um compromisso, que o PDT assumiu na pessoa do seu presidente, o ex-prefeito Carlos Eduardo, na sede do PCdoB, no dia 3 de maio, razão pela qual nós anunciamos no dia 9 de maio, na Assembleia legislativa, em que base se dava essa aliança.

O compromisso era de aliança só com o PCdoB na proporcional. Estava tudo definido. Fomos surpreendidos com essa informação. É um bom problema. Recebemos um novo apoio. Mas, há esse condicionante que afeta não só o PCdoB como o PDT. A intenção dos dois partidos de ampliar sua participação na Cãmara se torna inviabilizada ou até sepultada nesse outro formato de coligação. O PCdoB conhece esse processo. Já passamos por isso em 2004, quando nos aliamos ao PSB na proporcional.

Então, o PCdoB não aceita o chapão? Caso seja mantido o entendimento do ex-prefeito com o PSB, o seu partido sairá da coligação?
Do chapão, o PCdoB está fora. Não participará de uma coligação proporcional dessa forma. Nós passamos dois anos construindo uma nominata. Esse projeto simplesmente inviabiliza essa nominata, que fica sem chances de lograr êxito no processo. Então se isso acontecer, o PCdoB ficará muito à vontade para buscar outras alternativas. No próprio campo de partidos aliados, vamos trabalhar essas alternativas.

Vocês ainda vão se reunir com PDT e PSB para tratar do assunto? Já conversam com o pré-candidato Fernando Mineiro (PT) para uma possível adesão? Como o PCdoB está tratando desse processo?
Mesmo depois de anunciado nosso apoio no dia 9 de maio, não paramos de conversar nem com PSB nem com PT.A intenção era convidar o PSB e o PT para essa frente. O movimento continuou.

O PCdoB não fechou nenhuma porta. Continuamos conversando para ganhar a eleição no primeiro turno. Isso naturalmente já aconteceria. Depois, houve outro fato: a derrota do ex-prefeito na Câmara, quando foram rejeitadas suas contas. Após a publicação da decisão, no dia 5 de junho, a questão foi judicializada. Então você pode ter a confirmação ou a não confirmação da candidatura de Carlos Eduardo. Acho que – uma opinião pessoal – que ele tem um bom direito na mão, porque foi um absurdo o que aconteceu. Mas, em todo caso, por mais chances que ele tenha de sucesso no judiciário, há a alternativa de o judiciário negar também. Então, o PCdoB também trabalha outros cenários. Então O PCdoB, como partido aliado, conversa com PT e PSB também sobre essa possibilidade.

Caso Carlos Eduardo não possa ser candidato, qual seria o melhor nome para representar o grupo de oposição? O deputado estadual Mineiro ou ex-governadora Wilma de Faria?
Nós respeitamos muito a autonomia dos partidos. Acho que ambos os nomes possuem requisitos e elementos para o cargo. Também podem ter outros nomes. Até no PDT pode haver outro nome ou no PCdoB. Não excluímos essa possibilidade. Agora, não vamos começar pelos finalmentes. Temos que começar pelas preliminares.

O PCdoB aceitaria que o PDT participasse do chapão e seu partido fizesse outra composição ou saísse sozinho?
Eu considero que temos que buscar alternativas. O PCdoB trabalha com a alternativa do cumprimento da palavra do PDT. Temos esse elemento a colocar: o cumprimento da palavra, do compromisso, do que foi colocado a público. Essa é nossa pretensão. É nossa expectativa. Que a aliança paralela seja entre PCdoB e PDT, como já havia sido acordado e definido. Que a outra paralela aconteça entre os outros partidos que entraram depois.

Na hipótese de o PCdoB migrar para a candidatura de Mineiro, uma chapa proporcional com o PT seria interessante para o projeto político de vocês, de ampliar a bancada na Câmara?
Ainda iremos analisar, como analisamos a nominata do PDT. Avaliamos e vimos que as nominatas se equiparavam. Vamos fazer isso com o PT. Também estamos abertos a avaliar com outros partidos. Mas, já consideramos que a nominata do PSB é inviável, como vimos pelo resultado de 2004.

Então a posição do PCdoB no pleito está indefinida até que seja acertada a estratégia dos grupos para a chapa proporcional?
O PCdoB não rompeu com a coligação proporcional com o PDT. Chamamos o PDT para cumprir com o que foi acordado. Ele não cumprindo, ficamos à vontade para procurar outros partidos, dentro desse leque de forças de sustentação do governo Dilma.

Os nomes da vereadora Júlia Arruda (PSB) e do ex-secretário Damião Pita são cotados para vice de Carlos Eduardo. Qual o senhor acha o melhor nome? Optaria entre eles ou teria outra sugestão?
A gente não costuma entrar nos debates internos dos outros partidos. O nome que o PSB apresentar será bem-vindo. Como se o PT vier somar e apresentar um outro nome, também irá somar. O melhor é fortalecer o projeto para a vitória no primeiro turno. Eu acredito que é possível, devido ao desgaste da prefeita Micarla de Sousa (PV) e porque os projetos dos grupos conservadores já foram notados pela sociedade que estão ultrapassados.

Fonte: O Poti/ Diário de Natal