Brasil e China oficializam Intercâmbio Parlamentar

A primeira reunião do Mecanismo de Intercâmbio Parlamentar Brasil-China aconteceu nesta sexta-feira (8), no Grande Salão do Povo, sede da Assembleia Popular Nacional, Pequim. O deputado Osmar Jr. (PCdoB-PI), presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil – China, comandou os trabalhos. E, na abertura, saudou o início oficial dos trabalhos em conjunto entre os dois legislativos.

Brasil e China oficializam Intercâmbio Parlamentar - Zhong Sheng

“Além das relações comerciais, é preciso aprofundar o conhecimento entre as duas nações na cultura, na música, na dramaturgia. Um dos primeiros temas de interesse do Brasil refere-se ao legado das Olimpíadas”. E convidou os chineses para a próxima reunião em novembro, no Brasil, aproveitando as comemorações do bicentenário da colonização japonesa no Brasil.

Pelos chineses, a reunião foi coordenada pelo vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores e presidente da Comissão Brasil-China, Ma Wenpu. Ele defendeu a união entre “os dois gigantes” para enfrentar a crise econômica mundial. “É preciso intensificar as relações diretas sino-brasileiras, também na ONU, na OMC e com os demais integrantes dos Brics para ampliar a defesa dos interesses dos países em desenvolvimento no cenário mundial. Esse acordo que passa a vigorar hoje tem importância estratégica para essa união”.

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), destacou a importância do início do Mecanismo Bilateral para “estimular e acelerar a implementação dos próximos acordos a serem celebrados entre os dois países para permitir que haja encontros entre os legislativos para debater temas setoriais, aperfeiçoar o funcionamento dos próprios legislativos a partir da experiência vivida pelo parceiro e para identificar e ajustar legislações convergentes”.

Também palestraram os deputados Perpétua Almeida (PCdoB-AC) sobre a forma de funcionamento do Congresso Nacional Brasileiro; Jilmar Tatto (PT-SP) sobre a atual situação econômica do Brasil e Bruno Araújo (PSDB-PE) sobre a legislação cooperativa dos Brics.

Paz mundial

A comitiva brasileira, que encerrou viagem à China neste domingo (10), visitou o Grande Salão do Povo, em frente à Praça da Paz Celestial, para encontrar com Wang Zhaoguo. O vice-presidente da Assembleia Popular da China, que esteve no Brasil em abril deste ano, destacou que o acordo entre os legislativos é fundamental para a parceria estratégica entre as duas nações. "Além de uma contribuição para o desenvolvimento justo, pacífico e harmonioso entre os dois países, também contribuímos para a paz mundial", avaliou.

Para o presidente da Câmara, Marco Maia, “o Brasil tem necessidades de receber investimentos em infraestrutura, energia, transporte e a China, com o aumento do poder de consumo de seu povo, oferece muitas novas oportunidades para as empresas brasileiras”. Sobre os Brics, Maia afirmou que já há consenso entre os dois países para estimularem a aproximação entre todos os membros do grupo de nações em desenvolvimento como forma de alcançar maior respeito e um tratamento diferenciado por parte dos países desenvolvidos.

Reforma da governança internacional

No dia anterior, também em Pequim, a comitiva foi recebida pelo primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao. Para ele, a rapidez com que as relações entre Brasil e China aumentaram se dá pelos esforços conjuntos de ambos os governos. "Espera-se que a troca comercial exceda US$100 bilhões este ano, como resultado da notável melhora da escala da cooperação pragmática", indicou Wen Jiabao.
Além de ter superado os Estados Unidos como o principal parceiro comercial do Brasil, com uma troca que em 2011 alcançou US$77,1 bilhões, com um superávit de US$11,5 bilhões a favor do Brasil, a China também se tornou o maior investidor estrangeiro na maior economia latino-americana.

Sobre a crise financeira mundial, houve consenso. Para Wen Jiabao, "é necessário promover uma reforma da governança internacional, na qual os países em desenvolvimento como a China, o Brasil e os demais países do Brics tenham responsabilidades comuns e diferenciadas neste processo". Por sua vez, Marco Maia avaliou que "não existe solução para a crise, sem ouvir os países em desenvolvimento".