PCdoB apresentará agenda de discussão à Frente Popular

Leia abaixo um resumo da conversa.

CBN/Mário Neto – O senhor afirmou que o PCdoB seria o primeiro partido a se reunir com o candidato Humberto Costa para avaliar algumas questões, entre elas o cargo de vice-prefeito. Hoje, o cargo está com o PSB, esse cargo poderia voltar para o PCdoB como foi na gestão do ex-prefeito João Paulo?
Luciano Siqueira – Não dá para pensar assim, preliminarmente. Ontem (quarta-feira, 6) a direção municipal do PCdoB esteve reunida em sessão plenária e aprovou a proposta de nós encaminharmos à Frente Popular como um todo e ao PT, obviamente, uma agenda de cinco pontos, entre os quais os critérios para a escolha do candidato a vice-prefeito na hipótese de a Frente Popular vir a apoiar o candidato indicado pelo PT. Mas, nós não estamos querendo colocar preliminarmente nenhuma exigência, queremos por na pauta, discutir critérios, e aí examinar o problema sob todos os ângulos possíveis.

CBN/Mário Neto – Quais são os outros quatro pontos?
Luciano – O primeiro, a necessidade de atualizarmos o programa de governo. Nós apoiamos o programa de governo do prefeito João da Costa, eleito há quase quatro anos, e o Recife tem evoluído, juntamente com Pernambuco, e é preciso atualizar o programa de governo. O segundo ponto é que é necessário discutir com o conjunto dos partidos da Frente Popular, estratégias, táticas, planos de campanha. Terceiro, é preciso firmar um pacto entre o candidato do PT e o conjunto dos partidos da Frente sobre o modo de relacionamento na hipótese de mais um governo liderado pelo PT, as relações entre o prefeito, o PT, e os demais partidos que porventura venham a integrar o governo e os setores organizados da sociedade, como sindicatos, igrejas, etc.

Um quarto ponto que nós consideramos muito importante é também discutir, sob a liderança do candidato a prefeito, como os partidos que venham a apoiá-lo estarão se compondo para a disputa da Câmara Municipal do Recife. Há partidos que desejam disputar sozinhos e há outros que admitem coligação entre si, de tal maneira que tudo isso deve ser discutido sob a liderança de um candidato a prefeito. O último, que já citei, é o estabelecimento de critérios para a escolha do candidato a vice-prefeito.

Não há por parte do PCdoB, como creio que não haja da parte de nenhum partido da Frente Popular a intenção de oferecer apoio automático ao PT, não se trata disso. Trata-se de, em se confirmando, como parece que se confirma que o PT indica o senador Humberto Costa, com o qual nós temos ótimas relações e merece nossa confiança, querermos discutir essa pauta. Ao cabo da discussão dessa pauta, nós haveremos de definir nossa posição, a posição do PCdoB.

CBN/Mário Neto – O senhor fala em atualizar o programa de governo. Em que o programa está desatualizado?
Luciano – As linhas básicas do programa de governo com o qual o prefeito João da Costa se elegeu e que ele procura aplicar, implementar, estão corretas. Mas, o próprio governo João da Costa promoveu junto com outros órgãos inclusive do governo federal um estudo sobre as cadeias produtivas existentes na cidade do Recife em correlação com o que acontece no espaço metropolitano e isso significa avançar um pouco mais na definição desse objetivo de fazer do Recife um polo moderno, avançado, de serviços. Um exemplo é dar maior atenção à economia criativa, à Tecnologia da Informação, à cultura da inovação tecnológica. É preciso que nós venhamos a dar mais peso a essas questões, como um dos exemplos de necessidade de atualização que nós precisamos fazer.

CBN/Mário Neto – Quando o senhor fala em firmar um pacto entre o PT e os demais partidos da Frente Popular, o senhor se refere ao que aconteceu internamento no PT?
Luciano – Em certa medida, sim. Porque, embora nenhum partido deva se imiscuir nas questões internas do PT, todos nós acompanhamos com muita apreensão essa verdadeira crise interna do PT que se arrasta há mais de dois meses e meio e é preciso que o PT se resolva por conta própria, segundo suas normas, seus métodos. Mas, a relação do PT com os demais partidos, esteja no governo ou não, e com a sociedade, eu acho que é um assunto que se tornou importante para se incluir em uma agenda da Frente Popular, eu acredito nisso. Acredito inclusive que seja João da Costa, se fosse ele o candidato, ele já havia me dito mais de uma vez que sendo candidato gostaria de rever algumas coisas que considera que não aconteceram a contento, seja Humberto Costa, seja até mesmo que a Frente Popular não venha a se unir totalmente em torno da candidatura de Humberto da Costa, esse é um assunto de todos os partidos do nosso campo.

CBN/Mário Neto – Quando o senhor fala que João da Costa foi eleito tendo como vice um candidato do PSB e com Humberto Costa poderia ser diferente, poderia ser diferente por quê?
Luciano – Veja bem, eu não estou dizendo que não seja do PSB, acho até que se o candidato fosse João da Costa a tendência natural seria repetir a chapa. O vice-prefeito Milton Coelho é um bom quadro, um quadro com um bom perfil. Acho que toda a função na vida pública remete a uma discussão prévia e é nesse espírito que nós achamos que a questão da escolha do vice-prefeito deve ser antecedida da explicitação de critérios.

CBN/Mário Neto – O fato é que o PCdoB vai pleitear essa vaga de vice?
Luciano – Não necessariamente. A depender do desenrolar das discussões e em que termos as coisas venham a ser colocadas não apenas por nossa própria opinião, mas considerando a opinião dos demais parceiros, essa hipótese não pode ser totalmente descartada. Embora, nós não estejamos pensando em comparecer a mesa de conversações antecipando nenhuma reivindicação, não seria correto, não seria justo e seria colocar o carro adiante dos bois, uma vez que nós insistimos que é preciso preliminarmente discutir critérios. Se na discussão dos critérios a concordância natural seja de que o PSB deva novamente indicar o candidato a vice-prefeito, tudo bem, tudo tranquilo. Se a discussão dos critérios não levar a isso, aí a indicação do vice-prefeito pode ser de qualquer partido, inclusive, por que não, do próprio PCdoB. Mas, repito para deixar muito claro, nós não estamos querendo comparecer às conversações antecipando qualquer reivindicação nesse sentido.

Fonte: Site do deputado Luciano Siqueira