Encontro Nacional de Cultura reúne 17 estados e fortalece PCdoB

“É preciso pensar de forma concreta o cenário cultural em nosso país”. Esse foi o norte seguido no segundo momento do Encontro Nacional de Cultura do Partido Comunista do Brasil, que foi composto pelas mesas ‘Arte Cultura, Mercado e Estado, que relação queremos?’ e ‘Projeto Cultural para as Relações Municipais e Plataforma de Ação do PCdoB’. 

                                    Fonte: Alexandre Almeida

O evento, que foi realizado pelo Coletivo de Cultura do PCdoB em parceria com a Fundação Maurício Grabois, teve início na manhã desta sexta-feira (1°), no Club Homs, em São Paulo, e reuniu cerca de 200 pessoas de 17 estados, que debateram, durante todo o dia, a proposta de elaboração de um projeto de ação para colocar a cultura como vetor de desenvolvimento nas cidades e agente central do Plano Nacional de Desenvolvimento.

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Em entrevista ao Vermelho, Renato Rabelo, presidente Nacional do PCdoB, que compôs a primeira mesa do Encontro, afirmou que é preciso estimular o interesse pela temática cultural, incentivando o debate, a reflexão e a elaboração política e intelectual.

“Há muito o PCdoB percebeu a centralidade da cultura para o fortalecimento do país. Esse Encontro reflete não só a nossa preocupação, mas de toda a militância que compõe o nosso Partido. Desse modo, o PCdoB seguirá na formulação de um Plano Nacional de Desenvolvimento que fortalece o país, e como as questões econômicas e estruturais, a cultura está no cerne desse processo”, elucidou o presidente do PCdoB.

Adalberto Monteiro, presidente da Fundação Maurício Grabois, disse que o Partido sai fortalecido do encontro e que os 17 estados participantes, bem como os convidados, construíram um espaço amplo e democrático.

“O Encontro foi proveitoso a começar pela sua composição que reuniu gestores, movimentos sociais, parlamentares, intelectuais e a nossa militância, ou seja, camaradas que atuam nas diferenças áreas da cultura em todo o país. Portanto, o evento conseguiu realizar um debate nacional e, além disso, chegar a uma discussão concreta, olhando para um evento que irá mobilizar corações e mentes, que são as eleições”, explicou Adalberto.

                                 Fonte: Alexandre Almeida

Pensar a cultura em sua totalidade

O pesquisador e professor da Universidade de Campinas (Unicamp), Renato Ortiz, que compôs a mesa ‘Arte Cultura, Mercado e Estado, que relação queremos?’, diz que para se entender o setor cultural é preciso entender os processos de transformações no mundo contemporâneo, a partir das mudanças técnicas.

Ortiz destacou também a relação estreita da política com a cultura, bem como as transformações nas cidades, a partir das transformações técnicas, econômicas e da circulação dos bens simbólicos.

                                    Fonte: Alexandre Almeida

Segundo ele “a esfera da cultura é uma esfera de poder. Um poder que se explicita em situações específicas como a criação de estereótipos ou de padrões que ganham espaço no interior da sociedade. Além disso, quando olhamos o mundo hoje, vemos um cenário hierarquizado, diversificado e com divisões de poder. Ou seja, pensar a cultura hoje é enfrentar um complexo setor repleto de conceitos e experiências”, explicou o pesquisador.

Ortiz também falou sobre a atuação do Ministério da Cultura e destacou que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas gestões de Gilberto Gil e Juca Ferreira, deram passos importantes no setor. “É inegável que o governo Lula deu uma grande contribuição, as políticas implementadas neste governo remodelaram o setor e abriram novas frentes de luta e ampliou o leque de atores que compõem este campo”, finalizou.

Bancada feminina pela cultura

A deputada federal pelo PCdoB-RJ Jandira Feghali destacou os desafios que o Partido tem no setor cultural e lembrou que a cultura é mais do que arte e espetáculo, ela é o próprio homem, pois é a sociedade quem produz cultura e não o contrário.

                                    Fonte: Alexandre Almeida

“O PCdoB sempre esteve nos debates pela cultura. Esteve na formulação do programa Cultura Viva, teve forte atuação nas gestões Gilberto Gil e Juca Ferreira, gestões que colocaram a cultura em um novo patamar. Além disso, destacou que o objetivo de se pensar em um Plano de Ação para a cultura está diretamente ligado com a perspectiva de dar voz ao silêncio dos excluídos e visibilidade aos invisíveis”, ressaltou a deputada.

A presidente da Frente Parlamentar de Cultura da Assembleia Legislativa de São Paulo, a deputada pelo PCdoB Leci Brandão, destacou a luta que tem travado no interior da Assembleia. Ela também rememorou sua luta no combate ao racismo, aos desfavorecidos e a firmação da cultura nacional.

Leci falou com tristeza sobre os investimentos orçamentários do governo de São Paulo destinados à Cultura e sua luta para que seja ampliando. “Inacreditavelmente, hoje São Paulo transfere para o setor cultural apenas 0,08% de seu orçamento, só este dado sinaliza nosso desafio”, descreve a parlamentar.

A comunista também frisou as contribuições dadas pelo ex-secretário do Ministério da Cultura Célio Turino, bem como das transformações proporcionadas pelo governo Lula. No entanto, Leci destacou que para se alcançar uma real democratização da cultura é preciso lutar, também, pela democratização dos meios de comunicação, grande responsável pela difusão e circulação dos produtos culturais.

“O PCdoB comprou essa briga e eu me sinto orgulhosa em compor este Partido, não só por sua atuação na cultura, mas porque o PCdoB é um Partido que pensa nas pessoas, na sociedade. Estaremos na linha de frente pela democratização das ferramentas de difusão, no combate à exclusão social e na formulação do Projeto Nacional de Desenvolvimento”, reafirma Leci.

A líder da bancada comunista na Câmara Federal, a deputada federal pelo PCdoB-PE Luciana Santos, disse que falta diálogo entre o Ministério da Cultura e a bancada que luta pelo fortalecimento da cultura e destacou que essa postura dificulta o avanço dos projetos em andamento.

Durante a sua fala Luciana Santos rememorou a luta que travou quando exerceu o cargo de prefeita de Olinda para manter as raízes do carnaval de rua. “Travamos uma luta difícil, mas sabíamos o porquê da luta e tivemos que enfrentar a mídia e os setores conservadores que empreenderam uma campanha difamatória contra a nossa gestão”, afirmou.

Luciana Santos ainda falou da importância do Estado assumir a linha de frente na manutenção das políticas culturais no país. Segundo ela, para garantir o protagonismo dos produtores de cultura, o protagonismo da sociedade, é preciso ter um Estado forte e uma política cultural democratizante, que garanta produção, distribuição e acesso amplo à cultura.

Da Redação do Vermelho,
Joanne Mota