Renato Rabelo: Para o PCdoB a Cultura é vetor de desenvolvimento

“Estimular o interesse pela temática cultural, incentivando o debate, a reflexão e a elaboração política e intelectual”. Este é um dos objetivos pretendidos pelo Coletivo Nacional de Cultura do Partido Comunista do Brasil ao realizar, em parceria com a Fundação Maurício Grabois, o primeiro Encontro Nacional de Cultura do PCdoB. 

                      Foto: Alexandre Almeida

O evento, que foi realizado nesta sexta-feira (1°), no Club Homs, em São Paulo, reuniu cerca de 200 pessoas que debateram, durante a primeira mesa, a proposta de elaboração de um projeto de ação para colocar a cultura como vetor de desenvolvimento e agente central do Plano Nacional de Desenvolvimento.

Em entrevista ao Vermelho, Renato Rabelo, presidente do PCdoB, frisou ser uma honra realizar o encontro, especialmente no momento em que o Partido completa 90 anos. Além disso, o dirigente destacou a centralidade da cultura nestes tempos.

“A realização desse evento é fundamental para o PCdoB. Nosso Partido tem uma consciência nítida da questão da cultura para a formulação de um Plano Nacional de Desenvolvimento. E por que o PCdoB concebe a cultura por esta lógica? Porque, de fato, a cultura assume hoje um papel fundamental para a emancipação e libertação da sociedade”, salienta o dirigente.

O coordenador Nacional de Cultura do PCdoB, Javier Alfaya, explicou que o Encontro nasce de um processo iniciado ainda em 2003, com a realização do primeiro seminário promovido pela Fundação Maurício Grabois. Segundo ele, foram realizados mais três seminários que refletiram sobre o papel estratégico da cultura.

“Todos esses encontros realizados contribuíram para que o Partido desenvolvesse uma proposta que entendesse a cultura como uma categoria essencial do Plano Nacional de Desenvolvimento. Dessa forma, realizar o encontro tem como um dos principais objetivos pensar este setor e propor, deliberativamente, formas que entendam e atendam a atual conjuntura da cultura, sobretudo seu papel nas cidades”, explica Alfaya.

                      Foto: Alexandre Almeida

Para tanto, Alfaya explicou que o encontro foi dividido em três mesas, sendo as duas primeiras com o objetivo de olhar para os aspectos ideológicos, políticos e econômicos, e a última mesa que versará sobre a proposição de um Plano de Ação de Cultura do PCdoB, nos moldes dos planos de ação já construídos para as áreas como a juventude, movimento de mulheres, entre outros.

Antes de iniciar os debates, Javier Alfaya informou que devido o falecimento do cantor Nelson Jacobina, Gilberto Gil, ex-ministro da Cultura, não poderia participar do evento. Em homenagem, Alfaya solicitou aos presentes uma salva de palmas ao artista.

Ao iniciar sua fala, Luiz Carlos Prestes Filho destacou o papel do PCdoB e agradeceu as muitas homenagens prestadas ao seu pai, Luiz Carlos Prestes.

Entender o setor cultural

A primeira mesa, que foi composta pelo pesquisador e roteirista Luiz Carlos Prestes e pelo presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine) Manoel Rangel, teve como tema “Cultura e Projeto Nacional de Desenvolvimento”. Dentre as questões abordadas na mesa, está a preocupação de se entender como o setor cultural se estruturou ao longo da história, de forma a entender a gestão, produção, circulação dos produtos culturais na atualidade.

Para Luiz Carlos Prestes Filho os setores organizados da sociedade não podem se furtar de entender como o setor cultural se estrutura hoje, sobretudo qual a sua influência no Produto Interno Bruto (PIB) nestes tempos. “Não podemos mais pensar em desenvolvimento, sem entender como o setor cultural se desenvolve e qual o seu papel no mercado.”

 

“É preciso pensar em um Plano Nacional de Desenvolvimento no qual a cultura tenha seu reconhecimento de forma a organizar a chamada cadeia da cultura. Ou seja, precisamos pensar em uma política estruturante para o país que fomente, organize e entenda o atual sistema cultural, olhando para a cultura nacional. Além disso, é preciso se ampliar os estudos nesta área que assume um papel fundamental na formação das sociedades”, explica Prestes.

                      Foto: Alexandre Almeida

Desenvolvimento e Cultura

Manoel Rangel falou sobre o papel da cultura nos governos como categoria de firmação. Segundo ele, a cultura se coloca como um vetor de firmação da identidade nacional e do conhecimento formal.

Ele explicou que esta situação é fortemente influenciada pelo momento que o país vive. O qual, mesmo em tempos de crise, está arregimentado por um ciclo de desenvolvimento, amplamente apoiado pelo processo de distribuição de renda, os níveis de pleno emprego e sua atuação soberana frente a outras nações.

“Precisamos destacar que o cenário cultural de hoje existe por diversos fatores, dos quais destaco o papel protagonista dos setores organizados da sociedade para pensar em mecanismos que garantissem um processo de reorganizações e fomento do setor. E aqui rememoro a atuação das gestões Gilberto Gil e Juca Ferreira, com programas como o Cultura Viva e os Pontos de Cultura”, elucidou Rangel.

O presidente da Ancine também falou sobre a importância de se ampliar o conteúdo nacional no interior da Indústria Cultural, especialmente na mídia televisiva.

“Avançamos, mas ainda estamos longe de equilibrar a relação conteúdo nacional/conteúdo internacional. Nesse sentido, penso que para se garantir pluralidade e diversidade é preciso de políticas fortes, no qual o Estado assuma um papel estratégico. Ou seja, o Estado precisa assumir um papel de fomentador, a partir da implantação de uma política de financiamento público, e de estruturador no setor, a partir da ampliação da malha de aparelhos culturais que garantam a distribuição equânime das produções nacionais”, problematizou o presidente da Ancine.

Da Redação do Vermelho
Joanne Mota