Teatro de Santa Isabel: mais de um século e meio de conquistas

Considerado como o grande teatro municipal do Recife, o Teatro de Santa Isabel comemora seus 162 anos de existência e conquistas nesta sexta feira (18).

Berço de inúmeras iniciações culturais e projeções nacionais que contribuíram para a esfera sócio-política do País, desde sua inauguração, em 1850, vários acontecimentos tomaram o palco e a plateia, como a luta abolicionista e os embates literários e poéticos da segunda metade do século XIX.

Atualmente, reconhecido como um dos 14 teatros-monumentos do Brasil, e também considerado por muitos como uma “caixinha de joias” para o Estado, o Santa Isabel possui uma arquitetura neoclássica, com um suporte maior, adequado para receber diversos espetáculos do mundo inteiro.

Segundo a diretora Cira Ramos, apesar da idade, o Teatro de Santa Isabel se adéqua com a modernidade e os recursos que avançam de acordo com o tempo, fazendo com que ele também se torne um teatro moderno e jovial.

“Ele é uma senhora de 162 anos, que merece respeito e que está a toda velocidade trabalhando e se disponibilizando para grandes eventos, ao mesmo tempo ele é um teatro jovem e moderno também”, afirma Cira.

O Santa Isabel também passou por inúmeras reformas, desde a mudança do tamanho do palco até a recuperação da cor original. Em alguns trechos da parede a pintura foi restaurada com uma coloração parecida com a original, que, segundo a diretora, por ser um patrimônio tombado, tudo deve seguir os padrões da época, desde o parafuso até o lustre.

“Cada objeto recebe uma atenção especial, o lustre é limpo uma vez por ano, no mês de fevereiro, mês que o teatro para as atividades e passa a receber esses cuidados. Para cada parede do teatro são feitos estudos de pigmentação, até chegar a uma cor próxima a original”, diz.

Segundo a historiadora Rita de Cássia, para saber a importância do Santa Isabel é preciso contextualizar o período de 1840, ano de grande marco para história do Estado com a chegada do arquiteto Francês Louis Léger Vauthier, que influenciou as obras de melhoramentos da cidade, como pontes e estradas. A parte de infraestrutura, que na época era conhecida como melhoramentos urbanos ou embelezamentos, seguiam padrões europeus, implantados para combater os padrões coloniais da época.

Esses melhoramentos urbanos deram impulsos à modernização e a realização de obras públicas do Governo. É nesse contexto de embelezamento que a cidade de uma forma geral começa a crescer com outro aspecto, fazendo surgir o Teatro de Santa Isabel em 1850.

“As pessoas da elite começam a sair para as ruas e passam a frequentar lugares públicos, principalmente as mulheres, que antes só marcavam presença em eventos religiosos. É nesse período que o teatro passa a ser símbolo do progresso e da sociedade burguesa”, explica Rita.

Para Luiz Antônio, de 52 anos, funcionário do Teatro há 31 anos, o Santa Isabel perdeu essa imagem de teatro elitista e passou a ser um ícone fundamental para história de Pernambuco. Ele ainda reforça que passou a metade da sua vida realizado e privilegiado, podendo presenciar inúmeros espetáculos de perto.

Para ele, além do Santa Isabel representar o seu local de trabalho, é também um lugar mágico que o remete a boas lembranças. “Hoje posso dizer que já passei mais tempo da minha vida nesse teatro do que em qualquer outro lugar, para mim é uma alegria fazer parte desses 162 anos”, afirma.

Com uma trajetória repleta de óperas, dramas, concertos, comédias, torneios de oratórias, solenidades cívicas e políticas, bailes, festas e jantares, o Santa Isabel é testemunha da história do Recife e Pernambuco, uma representação de transformação social, cultural e histórica que impressiona e encanta quem o frequenta.

Fonte Folha de PE