Livro sobre a esquerda latino-americana é lançado na Argentina

Os novos e numerosos desafios que a esquerda latino-americana enfrenta hoje foram expostos nesta quinta-feira (9) com a apresentação de um livro com muitos méritos, escrito pelo diplomata e acadêmico panamenho Nils Castro.

A avaliação foi feita pelo assessor especial da presidente brasileira Dilma Roussef, Marco Aurélio Garcia, que foi também assessor especial do ex-presidente Lula. Garcia é catedrático da Universidade de Campinas, no estado de São Paulo, e autor de um dos prefácios do livro “As esquerdas latino-americanas em tempo de criar", lançado em Buenos Aires.

O livro tem muitos méritos. Talvez o maior deles seja não oferecer receitas aos leitores, mas permitir que eles vislumbrem os caminhos dos quais falou Salvador Allende em sua última mensagem, por onde passarão homens e mulheres livres, sublinha Garcia.

Ele opinou também que este ensaio, no qual se fundem a precisão factual com a agudeza dos comentários, se vê beneficiado pela experiência pessoal do autor.

O panamenho Nils Castro – aponta – pelo fato de estar situado nessa ponte natural das Américas que é seu país, pode contemplar, de um lado e do outro, a evolução econômica, social e política da região a partir de uma posição privilegiada.

Um segundo prefácio, escrito pelo ex-chanceler argentino Jorge Taiana, ressalta por sua parte que o livro lançado é a obra de um militante político latino-americano de sólida formação intelectual, que participou ativamente durante décadas nas lutas pela emancipação de nossos povos.

Neste marco, ler Nils é aproximar-se da experiência das diversas práticas políticas que, ao longo de quase um século, as esquerdas latino-americanas desenvolveram, o que contribui para a compreensão do presente, indica Taina.

Talvez seja esta a razão fundamental pela qual, segundo confessou à Prensa Latina o próprio Nils Castro, este é um livro "no qual estou escrevendo a meus netos mais velhos, que já estão terminando a universidade".

O livro está escrito em uma linguagem para que as pessoas jovens possam entender; daí a profusão de notas de pé de página, explicou o autor, que negou que pretenda fazer "a história das esquerdas latino-americanas”.

Trata-se, esclareceu, de uma recapitulação de algumas das experiências paradigmáticas e pedagógicas na evolução das esquerdas da região às quais adicionamos algumas apreciações sobre o que desencadeou e, em muitos casos, quais foram os fatores que impediram que fossem coroadas com êxito.

Em entrevista à Prensa Latina, Castro sublinhou que o maior desafio para estas forças é na atualidade voltar a construir um projeto estratégico e fazê-lo de forma coletiva.

Os princípios éticos para elaborá-lo estão claros para todos: justiça, equidade e inclusão social; o que não está definido é o modo de construí-lo e isso só se pode alcançar coletivamente, insistiu antes de advertir que "ninguém, a partir do sectarismo", pode chegar a construir por si só um projeto destas características.

Nesse sentido, manifestou que "não ter este projeto tampouco é motivo de complexo", pois nenhuma outra força de esquerda no mundo conta com ele, e realçou o fato de que na América Latina hoje estamos tendo governos progressistas que conduzem processos sociais complexos e exitosos.

"As esquerdas latino-americanas em tempos de criar", editado na Argentina pela Universidade Nacional de San Martin, será lançado também no Rio de Janeiro em junho, durante a Cúpula dos Povos paralela à Río+20, anunciou Castro, que antecipou que também nos próximos meses o livro circulará em Cuba.

Moisés Pérez Mok, de Buenos Aires, para Prensa Latina

Tradução da Redação do Vermelho