Indignados se preparam para voltar às ruas da Espanha

O movimento dos indignados, que sacudiu a Espanha com seus acampamentos de protesto, se prepara para voltar às ruas neste sábado (12) em comemoração ao seu primeiro aniversário.

As distintas plataformas que compõem esta organização, formada em sua maioria por jovens, convocou quatro dias de protestos. De sábado até terça-feira irão voltar a levantar a voz contra a classe política em geral, a austeridade e a saída que está sendo dada à crise econômica.

A continuidade dos protestos, no entanto, é uma incógnita. A explosão dos indignados que ocorreu há um ano foi praticamente espontânea e se produziu em um cenário diferente do atual, quando, por exemplo, havia uma eleição prestes a ser feita.

O sucesso dos protestos agora seria um duro revés para a agenda de cortes imposta pelo presidente conservador Mariano Rajoy.

“A rede existe e é possível que seja reativada", disse Alessandro Gentile, professor de Sociologia da Universidade Complutense de Madrid. "Constituir o movimento foi relativamente fácil, a dificuldade é mantê-lo”, completou.

O objetivo é voltar a acampar nas principais praças do país, incluindo a emblemática Puerta del Sol, em Madrid. O governo autorizou até 35 horas alternadas entre comícios e passeatas na capital espanhola, mas deixou claro que não permitirá acampamentos permanentes.

"Acho que haverá uma vontade de se permanecer no local além do tempo que foi concedido", disse Eduardo Fernandez, um estudante de filosofia de 20 anos ligado à plataforma Juventude sem Futuro, que participará dos protestos.

Neste último ano, o movimento dos indignados foi desaparecendo gradualmente das praças. Inclusive, algumas das organizações que deram origem ao protesto foram se dividindo em uma luta ideológica interna.

No entanto, o espírito continua vivo, especialmente nas mídias sociais, nas universidades, em protestos pontuais e em algumas assembléias de bairros. A sua influência, entretanto, tem sido limitada.

"Talvez os efeitos concretos [do movimento] sobre as políticas deste país serão vistos após este aniversário", disse Gentile. "Eles ganharam visibilidade, mas é difícil manter o compromisso e a credibilidade, especialmente agora que o governo mudou e os efeitos da crise se tornaram mais fortes."

"Desde a sua fundação, o movimento foi se preenchendo de conteúdos e aprendeu a se estruturar deixando sua semente", disse Fernandez.

Os indignados consideram que existem motivos suficientes para manter viva a chama do protesto. O desemprego atinge 24,4% da população, um número que chega aos 50% entre aqueles com menos de 25 anos. Os jovens não partilham da maioria das medidas promovidas pelo governo de Rajoy, principalmente o barateamento das demissões pela reforma trabalhista ou os cortes que afetaram as políticas públicas como educação e saúde.

"É uma solução injusta para a crise que só beneficia uns poucos, enquanto condena a maioria a miséria", disse Fernandez. “Temos que estar dispostos a estabelecer uma confrontação clara contra um sistema de saque permanente de toda a cidadania.

Fonte: CubaDebate