Neiva Moreira e o legado para toda a esquerda

 

Neiva Moreira


Morre Neiva Moreira, mas sua história e suas ações vivem. Para o Maranhão, Neiva Moreira é o exemplo da batalha cotidiana pela emancipação cidadã, da resistência às opressões políticas de quaisquer instâncias. O PCdoB do Maranhão homenageia um dos grandes nomes políticos do estado, que deixa o legado de luta com o qual o Partido Comunista do Brasil compartilha.


Preso e exilado político após o Golpe Militar de 1964, Neiva Moreira é reconhecido pela atuação na militância em prol dos ideais socialistas nos países subdesenvolvidos. “Cadernos do Terceiro Mundo”, jornal criado em 1974 em Buenos Aires por um grupo de jornalistas exilados na Argentina – dentre os quais estavam Neiva Moreira – continua como grito sonoro dos países emergentes.

Através de seus escritos, Neiva Moreira fazia ecoar por toda a América Latina os gritos do então chamado terceiro mundo, escritos em espanhol, português e inglês. Oprimidos entre as disputas da Guerra Fria, disputa política e econômica entre EUA e URSS, os países emergentes tinham seus anseios ecoados na voz do maranhense exilado, em escritos que esclareceram, emocionaram e impulsionaram militantes por todo o mundo.

Flávio Dino lembra que, entre as leituras fundamentais para sua formação política, estavam os Cadernos do Terceiro Mundo, escritos por Neiva Moreira. “Entre as contribuições de Neiva Moreira para varias gerações, lembro os Cadernos do Terceiro Mundo. Um grande quadro da esquerda do Brasil. (…) Neiva Moreira e Beatriz Bissio fundaram os Cadernos do Terceiro Mundo, marcante para a minha geracao, que fazia mov estudantil nos anos 80” lembrou, consternado, via twitter na manhã de 10 de maio, dia do falecimento de Neiva Moreira.

Suas atuações políticas aparecem antes, porém. Desde os primeiros traços da possibilidade da instauração do Golpe Militar, Neiva Moreira denunciou as tentativas de intervenção militarista na política brasileira – acabando por culminar na apropriação dos meios políticos pelos militares.

Já em 1961, Neiva Moreira liderava a Frente Parlamentar Nacionalista na Câmara dos Deputados, na qual se aproximou de Leonel Brizola, com quem iria muito em breve fundar o PDT, com base nos pensamentos trabalhistas. Com a instauração do regime militar, Neiva Moreira foi preso e obrigado a deixar o Brasil por 20 anos, passando pela Bolívia, Argentina, Peru, Angola, Moçambique, entre tantos outros países. De lá escrevia suas idéias nos Cadernos e participava ativamente das lutas contra a opressão.

Na atuação política no Brasil, foi presidente nacional do PDT, líder do partido na Câmara por duas vezes, presidente da Comissão de Relações Exteriores e assessor especial de Jackson Lago à frente do governo do Maranhão (2007-2009), momento em que foi um dos líderes da resistência ao golpe judiciário desferido contra o então governador pela família Sarney. Nos últimos 40 anos, Neiva Moreira teve importante luta contra a atuação da oligarquia Sarney no Maranhão e suas práticas políticas.

O presidente municipal do PCdoB em São Luís, Márcio Jerry, também manifestou seu pesar via twitter e destacou o ativismo político de Neiva durante toda a vida: “Neiva Moreira travou muitas e grandes batalhas ao longo da vida. Nas últimas 4 décadas combateu como pôde a oligarquia Sarney.

Da Redação Vermelho / Maranhão