Eleições: Inácio Arruda admite estar mais preparado para disputa

Embora o PCdoB tenha participado da gestão Luizianne Lins até o mês passado, o pré-candidato do partido à Prefeitura de Fortaleza, em outubro próximo, senador Inácio Arruda, afirma que à administração do Partido dos Trabalhadores faltou planejamento para gerir a cidade. Com o discurso de que "todos os filhos têm o desejo de administrar a cidade em que nasceram", o parlamentar garante que sua legenda está preparada para a próxima disputa eleitoral.

Segundo afirmou, sua agremiação quer disputar as eleições majoritárias assim como faz o PT desde o início da década de 1980. "Não dá pra ficar somente na Câmara Municipal e nem na Assembleia Legislativa", argumentou Inácio Arruda, admitindo que só recentemente, sua agremiação acordou para esta realidade.

Para ele, a administração de secretarias na gestão Luizianne Lins foi crucial para que seu partido tomasse conhecimento da capacidade de gerir a cidade. Inácio atribui a sua legenda, por exemplo, a inclusão de Fortaleza no Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), que, conforme disse, não teria sido possível sem a articulação da agremiação junto ao Ministério do Turismo.

"Fortaleza só foi incluída no fim do prazo, para atender uma solicitação nossa. O resultado foram milhões em recursos para a cidade. E isso não era, necessariamente, obrigação nossa, porque não era nossa secretaria. Mas é nossa cidade", frisou Inácio, ressaltando que o PCdoB já está fora da administração petista.

Discussão

Inácio disse que, ao invés de impor o nome de um candidato seu para encabeçar uma chapa, o Partido dos Trabalhadores deveria colocar todos os nomes de possíveis candidatos na mesa para uma ampla discussão entre os aliados. Segundo defendeu, seria importante que os petistas abrissem outras frentes para os partidos que fazem parte do arco de aliança, uma vez que já estão na Presidência da República.

O senador esteve recentemente em reunião com o governador do Estado, Cid Gomes, e um dos assuntos tratados, afirmou, foi a sucessão municipal em Fortaleza. Segundo ele, Cid, presidente estadual do PSB, mantém a postura de defesa da aliança entre PSB, PMDB, PT e PCdoB, mesmo que seu partido já tenha iniciado debates para apresentação de possíveis pré-candidatos à Prefeitura da Capital.

Inácio Arruda, conhecendo as peculiaridades de uma campanha majoritária, especialmente em razão dos seus custos, diz que para driblar o problema da falta de recursos para as eleições em Fortaleza, o PCdoB vai garantir o necessário para uma campanha equilibrada promovendo eventos de estímulo à militância e outros fortalezenses, já a partir do fim deste mês.

Inácio Arruda admite que irá arrecadar menos do que algumas outras legendas envolvidas na disputa, mas afirma ser preciso se dedicar para criar instrumentos de arrecadação, não só por parte de instituições privadas, mas também através de repasses públicos.

Proposta

"Teremos que fazer muitas atividades dessa natureza para poder levar esta campanha. O problema não são apenas os gastos com a campanha, os recursos, mas, sim, ter uma boa proposta para apresentar ao cidadão. Se você for pensar apenas nos recursos você desiste das eleições, não participa, pois são muitos os gastos", assegura o senador.

Para ele, é necessário uma maior mobilização por parte do partido, principalmente, no que tange o tripé formado pela aliança garantidora da candidatura, partido e participação da população no projeto a ser defendido pelo postulante ao cargo de prefeito, para que seja permitido existir um parâmetro do que será investido nas disputas. "Uma candidatura majoritária implica em muitas coisas, e o partido tem que ter interesse integral em cima disso", aponta Inácio.

O senador assegura ainda que está com "disposição total" para esta eleição, e frisa que sua candidatura em 2012 será apresentada com mais conhecimento da realidade da cidade e o modo de conduzir a gestão do que em outras tentativas feitas no passado. "Estamos mais preparados e discutindo com todos, pois temos boa relação com todos os partidos, mesmo com o PT, ainda que tenhamos deixado a administração da prefeita Luizianne Lins".

No entanto, as relações boas de seu partido são mais com PSB e PMDB. Inácio vem tendo encontros frequentes com o senador Eunício de Oliveira, presidente do PMDB estadual, e com o governador Cid Gomes. "O que acontece é que ao encerrar o mandato da Luizianne todos os partidos vão para essa frente e no segundo turno podem se unir", analisou.

Recursos

Segundo informa, onde mais a atual administração "pecou" foi na falta de planejamento, o que inviabilizou a possibilidade de Fortaleza ter recebido alguns recursos da União, simplesmente, pela falta de projetos. Para ele, o potencial de desenvolvimento que o País passou nos últimos anos não foi aproveitado pela gestão municipal.

Para Inácio Arruda, a Capital cearense só recebeu recursos da ordem de mais de R$ 2 bilhões da União, devido ao planejamento estratégico elaborado pelo governador Cid Gomes e seu secretariado, que discutiu a criação da linha leste do Metrô de Fortaleza. Na Prefeitura, no entanto, o senador assegura que não havia nenhum planejamento, e esses recursos poderiam ter sido perdidos.

"Esta verba só existe porque o governador decidiu planejar a linha leste. Cadê o planejamento de Fortaleza para poder usar esses 2,4 bilhões? Não tinha planejamento para isso. Deixamos de usar esse dinheiro na cidade de Fortaleza, via cidade de Fortaleza. A sorte é que o governador tinha esse planejamento", diz.

Continuidade

Apesar das críticas, Inácio afirma que a prefeita Luizianne Lins deu continuidade ao que já havia sido feito pelo ex-prefeito Juraci Magalhães, como o Transfor, antigo Bidfor, que já era um programa em curso. No entanto, o senador frisa que a atual gestão teve muitas oportunidades e que poderia ter avançado mais.

"Nós pecamos, mas não são pecados originais, pois vêm de trás. Na área da saúde, nosso problema não era de alta complexidade, mas hoje temos que cuidar de muito mais do que já tínhamos em mãos. O ensino fundamental, por exemplo, temos tido muita dificuldade, pois não apresentamos um ensino completo", disse.

Inácio Arruda não vincula a deficiência da escola pública à indicação política de diretores das escolas municipais . Segundo o senador, o importante é atender a população, independente do modo como o profissional é escolhido. "Se você tem um aliado não pode dizer que não vai indicá-lo. Isso seria estupidez. Tem que alinhar qualidade e capacidade", disse.

Fonte: Diário do Nordeste