A 6ª Cúpula das Américas: Pelo fim da “guerra” contra as drogas?

Por muito tempo a Colômbia não pôde ter essa postura: o presidente Juan Manuel Santos desamarrou as ataduras e assumiu a falência da “guerra contra as drogas”, já há quatro décadas financiada pelos EUA. O assunto é tema de saúde pública, sem dúvida, e não apenas de segurança, no termo militarista melhor conhecido por estes países. No seu encalço, também o presidente guatemalteco Otto Perez Molina exigiu a renovação da estratégia. Para começar.

Por Moara Crivelente*

A regulamentação das drogas – termo que merece ênfase, em contraposição ao uso desinformado, ou desinformante, do termo “liberalização” das drogas – foi tema da 6ª Cúpula das Américas, que renuniu 34 países em Cartagena das Índias, na Colômbia, no final de semana passado. A falta de “convite” a Cuba, mais uma vez, não nos deixa esquecer as relações antiquadas e arbitrárias mantidas pelos EUA com a América Latina.

Estima-se que os EUA já gastaram bilhões de dólares em mais essa “guerra”, e vários líderes latino-americanos já se cansaram de ver a região guiada por mais um caminho sem fim. Alguns analistas consideram que esta reação se deve ao “esquecimento” do presidente estadunidense Barack Obama sobre o assunto e a região. Não levam em conta a própria vontade política, hoje muito mais assertiva entre vários líderes. Mais uma vez, o tom paternalista é usado para explicar o fato de finalmente termos nos levantado e admitido a necessidade de tomar as regras do jogo. Demonstrações dessa necessidade não faltam, como o controverso Plano Colômbia, criado e financiado em grande parte pelos EUA.

Ainda há tentativas de mudar a opinião dos “rebeldes”, como os querem fazer parecer a maior parte da mídia, que ainda trata o assunto à luz do terror e da violência, da forma mais dogmática possível. Os EUA prometem o envio de ajuda à segurança – leia-se, mais uma vez, militar: 130 milhões de dólares aos países centro-americanos, para “apoiar a estratégia regional de segurança”, disse o presidente Obama.

Enquanto isso, em seu próprio quintal, os EUA falham em ouvir os seus próprios cidadãos: segundo uma pesquisa realizada pela agência Zogby, 75% dos estadunidenses acreditam que a guerra contra as drogas fracassou. Ainda assim, a criatividade do seu governo não conseguiu superar a estratégia securitária, militarista, empregada até hoje, em mais esse tema.

*Moara Crivelente é licenciada em Relações Internacionais e cursa o Mestrado em Comunicação dos Conflitos Armados Internacionais e dos Sociais na Universidade Autônoma de Barcelona, Espanha.