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Greve em Belo Monte: trabalhadores lutam por segurança

Os cerca de cinco mil trabalhadores do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pelas obras da terceira maior hidrelétrica do mundo, entraram em greve geral nesta quinta-feira (29).

Segundo nota publicada na imprensa, as reivindicações são aumento salarial, redução dos intervalos entre as baixadas (visita dos trabalhadores a suas famílias) de 6 pra 3 meses, o não-rebaixamento do pagamento e solução de problemas com a comida e água.

A nota esclarece que a paralisação, que teve início nesta quinta-feira (29) no canteiro de obras do Sítio Pimental, teve início após um acidente de trabalho que matou o operador de motosserra Francisco Orlando Rodrigo Lopes, de Altamira.

Em declaração à imprensa, os trabalhadores denunciaram que “a pauta é a mesma de antigamente: tudo o que está no acordo coletivo e que não foi cumprido”.

Segundo os trabalhadores: “No último pagamento cortaram as horas-transporte, o que diminuiu em até 600 reais o salário do peão. Pra quem vem de fora o salário já não estava bom. Com esses 600 a menos, nem vale a pena ficar”.

O trabalhador morto em acidente, que, segundo operários prestava serviços para o CCBM, era da empresa terceirizada Dandolini e Peper, e estava trabalhando na derrubada de árvores no canteiro Canais e Diques. “Nós não temos segurança nenhuma lá. Falta EPI [equipamento de proteção individual], sinalização e principalmente gente pra fiscalizar”, reclamam os trabalhadores.

Ação do governo

Nesta sexta-feira (30) o governo de Rondônia solicitou que o Exército ocupe os canteiros de obras das usinas de Santo Antônio e Jirau para garantir que os trabalhadores da construção ponham fim a uma greve.

Em declaração à imprensa local, o secretário de segurança do Estado, Marcelo Nascimento Bessa, disse que a Polícia Militar e a Força Nacional já estão nos dois locais, mas para o governo só o Exército agora seria capaz de "restabelecer a ordem".

Donizete de Oliveira, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção do Estado de Rondônia (Sticcero) disse que essa ação "é um absurdo. Os trabalhadores não vão deixar entrar. O que é preciso não é repressão. O que é preciso é mais diálogo". Segundo ele, tanto o governo como a Justiça declararam que a greve é abusiva.

De acordo com declaração do desembargador do estado Carlos Augusto Gomes Lobo, "não adianta a greve ser declarada abusiva. O Judiciário não pode obrigar o trabalhador a voltar ao trabalho. A questão é social."

Com agências