Benedito Bizerril: PCdoB – 90 anos de lutas e novos desafios

O Partido acumulou forças e, seguramente, continuará sua trilha ascendente, com o desafio irrenunciável de assumir papel de maior protagonismo para fazer avançar as mudanças urgentes, consubstanciadas na efetivação de reformas fundamentais indispensáveis à construção de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, rumo ao socialismo.

As comemorações dos 90 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil se expandem por todo o País, seja nas capitais, seja nos recantos mais longínquos do território nacional.

Os comunistas e o povo brasileiro têm sobradas razões para festejar e saudar o Partido neste 25 de março, em razão de sua heróica trajetória. O PCdoB tem contribuído, de forma marcante, ao longo de sua história, com as lutas e conquistas democráticas, econômicas, sociais, culturais e em defesa da paz e da soberania nacional. O seu compromisso incansável e cotidiano com a nacionalidade, a liberdade e o progresso social, alçaram-no a condição de patrimônio do povo brasileiro.

Nos momentos mais decisivos e cruciais de nosso País, o Partido se postou ativamente em defesa da soberania nacional, das liberdades democráticas, dos trabalhadores e do progresso social. Soube, com determinação e firmeza, enfrentar a brutalidade repressiva do Estado Novo e da ditadura militar, sempre com o olhar voltado para a construção de uma sociedade mais justa, solidária e fraterna.

No curso de seus noventa anos o Partido comemorou seu aniversário em circunstâncias e de formas as mais diversas, sendo que, no mais das vezes, na clandestinidade. Jamais, no entanto, deixou transcorrer essa data sem a afirmação do seu significado e importância para todos que sonham e pelejam por um novo Brasil e um novo mundo.

Em plena ditadura militar, em 1971, os comunistas brasileiros comemoraram a passagem do 49º aniversário do Partido, conclamando o povo a levantar-se contra o regime arbitrário, pró-imperialista.

No Ceará, na madrugada do dia 25 de março daquele ano, o Comitê Bancário, desafiando o aparato repressivo da ditadura, de forma ousada, colocou vistosos estandartes em fios da rede elétrica localizados em avenida de grande circulação em Fortaleza, conclamando a União dos Patriotas contra a Ditadura e por um Governo Democrático e Popular. Naquela madrugada fui preso e, posteriormente ,condenado pela Auditoria Militar, permanecendo encarcerado durante oito meses.

O 25 de março ficou gravado, definitivamente, em minha memória, como um símbolo da resistência democrática de nosso povo e do Partido contra a ditadura e por um Brasil livre, democrático e socialmente justo.

Tudo isto me enche de orgulho de ser comunista e de ter conhecido, ao longo de minha militância, bravos e devotados camaradas, a exemplo daqueles que compunham o Comitê Bancários. Presto aqui minha homenagem àqueles destemidos lutadores, destacando dentre eles o inesquecível César Uchoa, in memoria, Antônio Aureliano, Vilmar e Júlio César Portela Lima.

A intensa e decidida luta de nosso povo conduziu a vitórias importantes. A ditadura foi derrotada, conquistas democráticas sobrevieram e com elas a eleição de Lula da Silva, o primeiro presidente operário do Brasil, e de Dilma Rousseff, uma provada combatente da resistência democrática, que se transforma na primeira mulher a assumir o comando do País.

O Partido conquistou a legalidade e vive atualmente inusitado momento de crescimento e inserção na sociedade, nos movimentos sociais, nos parlamentos, participando de governos nos planos federal, estadual e municipal, inclusive à frente de executivos municipais. Destaco no plano federal a condução dos comunistas à frente do Ministério do Esporte, responsável pela organização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, além da implantação de políticas públicas que valorizam e dão uma enorme dimensão social ao esporte. No Ceará, à frente da Secretaria Estadual de Saúde, os comunistas conduzem uma das ações prioritárias do Governador Cid Gomes que pretende deixar o governo em 2014 com o melhor sistema público de saúde do Brasil. Estes são exemplos de desafios ousados que os comunistas assumem lastreados por uma exitosa trajetória de noventa anos e por uma visão ampla, capaz de aglutinar forças que se mobilizem unitariamente em favor do bem estar do nosso povo.

O Partido acumulou forças e, seguramente, continuará sua trilha ascendente, com o desafio irrenunciável de assumir papel de maior protagonismo para fazer avançar as mudanças urgentes, consubstanciadas na efetivação de reformas fundamentais indispensáveis à construção de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, rumo ao socialismo.

Comemoramos, assim, os 90 anos conscientes que os desafios atuais, são tão ou mais grandiosos que aqueles enfrentados sob o regime militar, compreendendo que a profunda crise do capitalismo e a consolidação da unidade dos governos progressistas da América Latina são fatores favoráveis para se avançar nas reformas estruturais que o Brasil precisa realizar.

Viva os 90 anos do PCdoB!

Benedito Bizerril é Advogado e Coordenador da Fundação Maurício Grabois-Seção do Ceará.


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