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Intelectuais enviam mensagens pelos 90 anos do PCdoB

Intelectuais de diversas áreas do campo progressista nacional têm ressaltado a importância do aniversário de 90 anos do PCdoB. As notas enviadas à direção nacional do Partido ressaltam participação histórica do PCdoB na luta pela democracia no Brasil e os novos desafios colocados ao Partido na atualidade.

Para a professora doutora de Relações Internacionais da Unifesp, Cristina Pecequilo, “pensar o presente para mudar o futuro, sem deixar de entender o passado é um dos maiores desafios das forças progressistas no Brasil e no mundo, diante de pressões por soluções rápidas e críticas fáceis, principalmente em momentos de maior crise e vulnerabilidade”.

Segundo Cristina, diante destes cenários “o PCdoB tem procurado responder a estas encruzilhadas de forma democrática e aberta, sem perder de vista a perspectiva de um projeto nacional e mundial”.

As manifestações ressaltam ainda o caráter ideológico do Partido desde a sua fundação em 1922. “Numa economia ainda agroexportadora, sua criação veio como reflexo do crescimento da classe operária e da urbanização, mostrando que o Brasil se complexificava e os conflitos sociais tomavam maior dimensão com os segmentos sociais emergentes. Por outro lado, num contexto em que a política oficial era marcada por um corte regional muito forte, o PCdoB foi o primeiro partido com ideologia bem definida e cuja proposta era atuar em âmbito nacional”, ressalta o professor doutor Pedro Cezar Dutra Fonseca, titular do Departamento de Ciências Econômicas da UFRGS.

Fonseca reafirma ainda que ao longo desses 90 anos o Partido tem contribuído para o debate sobre o futuro do país “procurando, de forma crítica e extremamente coerente, afirmar os pontos ideológicos do tripé que marca sua doutrina programática: as questões nacional, democrática e social”.

O coordenador da Área de Crescimento, Desenvolvimento e Distribuição
de Renda da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, Miguel Bruno, afirma que “Nesses 90 anos de Brasil, o PCdoB demonstrou, antes de tudo, o seu engajamento e a sua capacidade de pensar a realidade brasileira para transformá-la em prol de uma sociedade mais justa, fraterna e mais humana”.

Leia abaixo a íntegra das notas:

Mensagem da professora doutora de Relações Internacionais da Unifesp, Cristina Pecequilo

"Pensar o presente para mudar o futuro, sem deixar de entender o passado é um dos maiores desafios das forças progressistas no Brasil e no mundo, diante de pressões por soluções rápidas e críticas fáceis, principalmente em momentos de maior crise e vulnerabilidade.
Diante destes cenários, o PCdoB tem procurado responder a estas encruzilhadas de forma democrática e aberta, sem perder de vista a perspectiva de um projeto nacional e mundial. Hoje, aos 90 anos, o PCdoB pode-se dizer tanto um partido maduro quanto novo, criando e recriando sua identidade e em busca do desenvolvimento, da modernização e uma visão social solidária."
 
Mensagem do professor doutor Pedro Cezar Dutra Fonseca, titular do Departamento de Ciências Econômicas da UFRGS
“A fundação do Partido Comunista do Brasil constitui-se em fato marcante da década de 1920, e sem dúvida constitui sintoma que ajuda mostrar que novos tempos se aproximavam. Numa economia ainda agroexportadora, sua criação veio como reflexo do crescimento da classe operária e da urbanização, mostrando que o Brasil se complexificava e os conflitos sociais tomavam maior dimensão com os segmentos sociais emergentes. Por outro lado, num contexto em que a política oficial era marcada por um corte regional muito forte, o PCdoB foi o primeiro partido com ideologia bem definida e cuja proposta era atuar em âmbito nacional.

O partido, a partir daí, fez-se presente nos principais acontecimentos nacionais. Nem sempre vitorioso em suas lutas, mas sempre contribuindo para o debate sobre o futuro do Brasil e procurando, de forma crítica e extremamente coerente, ao longo de seus noventa anos, afirmar os pontos ideológicos do tripé que marca sua doutrina programática: as questões nacional, democrática e social”.
 

Mensagem do coordenador da Área de Crescimento, Desenvolvimento e Distribuição de Renda da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, Miguel Bruno

"Nesse aniversário de 90 anos do PCdoB, gostaria de mencionar algumas palavras de Jean-Paul Sartre: “A esquerda não é uma ‘ideia generosa’ de intelectuais. (…) porque a própria existência da esquerda é a manifestação de um conflito de classes que se tenta mascarar, mas que continua a ser uma realidade. Uma sociedade de exploração pode se obstinar a derrotar o pensamento e os movimentos de esquerda, e mesmo, em determinados períodos, pode reduzi-los à impotência; mas ela não os destruirá jamais, porque é ela mesma quem os suscita.” Esta sua visão essencialmente dialética da luta, se coadunava com uma postura que manteve ao longo de toda a sua vida, a de um filósofo engajado que buscava ser, como ele acreditava que deviam ser todos os filósofos (e políticos), a “consciência de seu tempo”.
Marx, um século antes, também fora a consciência de seu tempo, para aqueles que não acreditavam que o capitalismo é um sistema eterno e que é possível a construção de alternativas econômica e socialmente viáveis para a humanidade. Nesses 90 anos de Brasil, o PCdoB demonstrou, antes de tudo, o seu engajamento e a sua capacidade de pensar a realidade brasileira para transformá-la em prol de uma sociedade mais justa, fraterna e mais humana. Parabéns!"