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Trabalhadores agrários cobrarão mais ação ao novo ministro

Ao assumir nesta quarta-feira (14) o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o deputado Pepe Vargas (PT-RS) encontrou um cenário muito mais tenso no campo do que o encontrado pelo seu antecessor, Afonso Florence (PT-BA).

Durante a cerimônia de posse, a presidente Dilma Rousseff mencionou os avanços sociais observados por meio do programa Agricultura Familiar e ressaltou a importância da ampliação da iniciativa, responsável por 70% do abastecimento alimentar dos brasileiros.[

“Se nosso objetivo é construir uma nação desenvolvida, é fundamental olhar para a agricultura familiar como um dos elementos estratégicos para que o Brasil seja essa nação desenvolvida e sustentável, com um tecido social, de fato, de classe média”, disse Dilma.

Mais ação

Em nota à imprensa, os movimentos de trabalhadores rurais consideram “lenta” a movimentação do governo com a questão agrária e por isso tomaram a decisão de se unificarem na jornada de lutas e prometem um Abril Vermelho muito mais vigoroso.

Em declaração, Alexandre Conceição, um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), afirmou que “como a pauta agrária no início do governo Dilma não avançou, as desapropriações foram vergonhosas, pior índice dos últimos 16 anos, isso gera uma coisa conflituosa. Este ano será um ano atípico na luta no campo que será muito mais forte, sem dúvida”.

No entanto, ao final de um ano de governo, de acordo com dados do MST, somente 22 mil famílias foram assentadas. Só do MST, há cerca de 100 mil famílias esperando pelas desapropriações de terra.

Alexandre Conceição frisou que “o governo ficou paralisado na desapropriação de terras. Houve o corte no orçamento, a demora em nomear o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A presidente assinou um único decreto de desapropriação em dezembro. A burocracia do governo é que gerou esse descontentamento no campo, tanto é que nós, do campo, já fizemos o lançamento público e um chamado de vários movimentos do campo para uma luta conjunta. Já houve a mobilização das mulheres do MST, marcando o dia 8 de março, e, ontem, nos estados do Sul, foram paralisadas várias agências do Banco do Brasil”, destacou Conceição.

Entre as organizações que irão se mobilizar para participar da luta conjunta por melhorias no campo estão a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Federação dos Trabalhares da Agricultura Familiar (Fetraf), o MST e a Via Campesina.

Outras ações

No início deste mês, as mulheres camponesas comemoraram o Dia Internacional da Mulher com várias atividades que incluíram manifestações em rodovias, ocupações de fazendas e de órgãos públicos em todo país.

As ocupações das agências do Banco do Brasil, realizadas nesta terça-feira (13) em vários municípios do Paraná, de acordo com o movimento, têm por objetivo demonstrar ao governo que as linhas de créditos destinadas à agricultura familiar não estão sendo suficientes e as condições de juros e pagamento não atendem às necessidades da população do campo.

“As famílias estão endividadas por conta do sistema criado no início do governo e estamos chamando o governo a reeditar essa medida e isso vai criando um caldo de luta social que está muito mais tensa”, destacou o coordenador.

Com agências