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EUA: agência usa sem-teto em trabalho indigno e causa revolta

Uma agência de publicidade estadunidense extrapolou as fronteiras de todo respeito humano ao contratar sem-teto para circular em um evento no Texas carregando aparelhos com Wi-Fi móvel: eles ofereciam internet ao público presente em troca de doações. A iniciativa, muito distante de ser criativa, como alegaram seus autores, causou polêmica e indignação.

sem-teto Clarence Jones trabalha como ponto móvel de internet - Ben Sklar, do The New York Times

Contratados pela empresa de marketing BBH, os 13 voluntários sem-teto circulavam nesta terça-feira (13) nas áreas mais populosas do evento de tecnologia, South by Southwest, com os aparelhos, cartões de visita e camisetas indicando seus nomes: "Eu sou Clarence, um hotspot 4G."

O projeto foi batizado de "experimento de caridade" por seus criadores e pagou US$ 20 por dia para cada participante, que também poderia ficar com qualquer coisa que os usuários doassem em troca do serviço de rede.

Assim que o grupo foi visto no local e nas redes sociais, várias pessoas começaram a indignar-se, argumentando que transformar seres humanos em torres de internet sem fio é exploratório e desconcertante.

A contratante justificou-se, disse que a enorme quantidade de pessoas "sempre ao celular e nas redes sociais, muitas vezes, sobrecarregam a internet local, que para de funcionar, o que criaria mercado para um serviço como o hotspot sem-teto".

Mas nem a mídia se convenceu da “boa intenção e oportunidade”. Tim Carmody, blogueiro da revista "Wired", descreveu o projeto como "completamente problemático", como "algo saído de uma ficção científica satírica bem sombria".

Trata-se de um projeto indefensável. Esta é a única conclusão a que qualquer pessoa decente pode chegar em relação ao experimento.

Christiane Marcondes com informações de agências e do The New York Times