Pepe no ministério pode mexer com a sucessão em Porto Alegre

 Mais do que uma vaga que se abre para Paulo Ferreira na Câmara dos Deputados, a confirmação do nome de Pepe Vargas para o Ministério do Desenvolvimento Agrário dá novos elementos para mudar o quadro eleitoral nas cidades de Caxias do Sul e Porto Alegre.

Para entender é preciso primeiro ver a movimentação por dentro do Partido dos Trabalhadores. Pepe integra a Democracia Socialista e disputava a indicação do partido para concorrer à prefeito em Caxias. Sua ida para o ministério o afasto da chance participar do pleito de outubro. Assim fica aberto o caminho para a confirmação do nome da deputada Marisa Formolo. A parlamentar integra a Unidade na Luta Democrática (ULD), braço local da Construindo um Novo Brasil (CNB) – corrente majoritária no plano nacional. E quem mais está nesta corrente? O novo deputado Paulo Ferreira e o candidato do PT à Prefeitura de Porto Alegre, Adão Villaverde.

E o que Porto Alegre tem a ver com isto?

O candidato "a ser derrotado" em Caxias do Sul é Alceu Barbosa Velho (PDT). O deputado foi vice do atual prefeito José Ivo Sartori (PMDB) e é o candidato da situação. Além dele, Assis Melo (PCdoB) está no páreo e com bons índices nas pesquisas, acima de 10%. Com desempenho no Rio Grande do Sul aquém do que possui no Brasil a CNB se vê diante de um impasse. Disputar nos dois maiores municípios com candidatos competitivos (mas não favoritos) ou buscar alianças que a aproximem de ao menos uma vitória? Tendo o PCdoB – aliado no Governo Federal e no Governo do Estado – também com candidaturas fortes nas duas cidades abre-se espaço para uma negociação que pode viabilizar as chapas Marisa-Assis, em Caxias do Sul, e Manuela-Villaverde, em Porto Alegre. Em Caxias, Marisa precisa ainda impor-se dentro do PT. O vereador Marcelo Daneluz, suplente de deputado estadual, também quer a indicação.

O caminho não será fácil, mas lógico. As primeiras pesquisas do PT colocam Villaverde abaixo de 10% em Porto Alegre. Em alguns cenários está bem próximo deste índice. O principal impedimento para uma aliança com o PCdoB está no próprio discurso assumido por Villaverde na época das prévias. Avisou que era candidato para valer. Em Caxias do Sul, o PCdoB tem sempre dado o alerta de que se o PT desistir na capital retribuirá na Serra. A decisão está nas mãos dos petistas. Uma opção por aliar-se ao PDT, também companheiro de gestões no país e no Rio Grande do Sul, é improvável.

Com uma atuação pragmática, o momento é de esperar os próximos três meses até que as convenções definam o quadro.

Blog do André Machado