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Maria das Neves: Sou jovem, mulher, sou da UNE!

A UNE nunca se furtou a realizar os grandes debates nacionais e a lutar lado a lado dos segmentos historicamente taxados como “minorias”, como as mulheres. Porém, essa dita “minoria” só se expressa na ocupação dos espaços de poder, pois a mulher brasileira representa mais de 50% do eleitorado, ocupamos 55,1% das vagas do ensino superior presencial e 69% das vagas de ensino a distância.

Por Maria das Neves, diretora de Cultura da União Nacional dos Estudantes

maria das neves sobre 8 de março

A base da UNE é massivamente feminina! Portanto a luta das mulheres também é a luta da UNE.

Mulher na Universidade: CRECHE JÁ!

Para muitas mulheres o sonho de fazer um curso superior já chegou, mas permanecer na universidade é um desafio cotidiano. Uma parcela significa das jovens que estão na universidade ou fora dela são mães e afirmam: a falta de creches dificulta a permanência na universidade. O resultado disso é uma disputa cada vez mais desigual no mercado de trabalho. Apesar da presença da mulher continua crescendo no mercado formal de trabalho, mas permanece a desigualdade salarial entre homens e mulheres, mesmo entre os mais escolarizados.

A creche é para as mulheres brasileiras não apenas uma bandeira justa, mas necessária para sua emancipação. Atualmente, menos de 20% das crianças até 3 anos têm acesso a esse serviço no país. A UNE deve engrossar o coro por esta conquista e incluir como uma proposta de assistência estudantil. As mulheres representam 53,6% da PEA (População Economicamente Ativa), portanto assegurar a permanência da mulher na universidade é contribuir com o desenvolvimento do Brasil.

8 de Março e a Crise

A crise internacional do capitalismo acentua as desigualdades sociais e entre tantos malefícios levam a precarização dos salários, relegando as mulher sua mais dura face. No Brasil, apesar dos avanços e de termos uma mulher no comando central do país chegando a uma década de governos progressistas, muito ainda precisa ser feito para de fato empoderar as mulheres. Igualdade salarial, maior participação na política e o combate a violência contra a mulher são alguns dos desafios.

O corte no orçamento de 55 bilhões anunciados pelo governo vão na contra mão do desenvolvimento nacional, impactando diretamente em áreas estratégicas como a educação, que em 2011 e 2012 sofreu um corte de 3,1 bilhões e 1,9 bilhões respectivamente. O governo anunciou, por exemplo, a construção de 6.427 creches até 2014. Em 2011, nenhuma unidade foi entregue! #CrecheJá

Eleições 2012: Lugar de mulher é na política!

As mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro, mas sua presença no parlamento não corresponde a essa realidade. Na Câmara dos Deputados, as mulheres representam 8,7% do total de 513 cadeiras, no Senado apenas 12 mulheres de 81 vagas. Em 2008, nas eleições municipais apenas 6.508 foram eleitas para as câmaras contra 45.498 e das 5.530 prefeituras do país, somente 506 foram ocupadas por mulheres. Este é o ano que de começar a virada!

A violência contra a mulher e a falta de creches, são alguns dos problemas que mais atingem as mulheres na maioria das cidades brasileiras. Segundo levantamento da SPM, de cada dez mulheres no Brasil, quatro já foram vítimas de violência contra a mulher. A Lei Maria da Penha foi uma grande conquista. Mas, assegurar sua efetivação é garantir a implementação de equipamentos como a criação das delegacias da mulher, das varas especializadas em crimes contra a mulher, das casas abrigos e centros de referência para receber a mulher vitimada e reinseri-la na sociedade.

Vamos mudar essa realidade e a cara das cidades brasileiras elegendo mulheres comprometidas com o projeto nacional de desenvolvimento e com políticas públicas para as mulheres.

É hora de virar esse jogo, mulher seu lugar é na política!

Reforma Política

Este ano comemoráramos 80 anos da conquista do voto feminino. Mas, só uma Reforma Política democrática pode assegurar uma maior participação da mulher no parlamento. É necessário avançarmos no debate, sobre um sistema de lista fechada com alternância dos nomes entre homens e mulheres e financiamento público de campanha. Hoje se quer os 5% do fundo partidário que deveriam ser aplicados para a formação de mulheres são investidos corretamente. Muitos partidos ainda tratam as candidaturas femininas como “laranjas” apenas para cumprir as cotas não garantindo a viabilidade dessas candidaturas.

A UNE marchará lado a lado dos movimentos de mulheres enraizando essa luta dentro de cada universidade. E unindo nossas vozes em um só coro alcançaremos muitas vitórias. Construir uma sociedade justa, igualitária e livre de todas as formas de opressão também é uma luta nossa!

Por que Sou jovem, MULHER sou da UNE!

Maria das Neves também é membro do Conselho Nacional de Juventude e coordenadora de jovens mulheres da União Brasileira de Mulheres (UBM)