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Cenário eleitoral em São Paulo continua indefido

O cenário eleitoral da capital paulista ganha novas configurações a cada semana. O anúncio da possível adesão do candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2002 e 2010, José Serra, na disputa à Prefeitura, não causou o efeito esperado e os partidos que se opõem às administrações tucanas seguem seu ritmo de articulação de alianças. Por hora, nenhuma pré-candidatura foi retirada.

O pré-candidato do PCdoB, o vereador Netinho de Paula, reafirmou em entrevista ao Vermelho na última sexta-feira (17) que a possível participação de Serra no pleito não muda o posicionamento do Partido nas eleições paulistanas. “É importante as pessoas saberem que não é uma decisão do PSD ou do PT que irá mover o que o PCdoB está decidido a fazer. O PCdoB não vai a reboque de nenhum partido”.

Para o PMDB, a possível participação de Serra no pleito deste ano elevou o capital político de seu pré-candidato, o deputado federal Gabriel Chalita. Segundo o Valor, o vice-presidente Michel Temer teria alertado o pré-candidato do PMDB a manter o discurso de que uma aliança com o PT é bem vinda, desde que ele encabece a chapa que teria Fernando Haddad (PT) na vice.

Em contrapartida, o PMDB asseguraria o apoio ao candidato que o PT indicar na sucessão ao governo paulista de 2014. Distante da realidade e das pretensões políticas do PT na capital, a proposta é vista como uma recusa indireta do PMDB em apoiar Haddad.

As informações que chegaram ao PMDB foram em sentido inverso: o de que o PT respeitará a candidatura Chalita. Isso ocorreu em dois momentos na última semana: em um almoço de Chalita com o deputado estadual Edinho Silva, presidente do diretório paulista do PT; e em uma conversa de Haddad com uma pessoa muito próxima a Chalita.

Nas duas situações, os petistas reiteraram respeito à candidatura do PMDB, falaram em pacto de não agressão durante o primeiro turno e em eventual aliança para o segundo turno.

Kassab e o DEM

As declarações do prefeito, na terça-feira (21), de que o PSD não indicaria o candidato a vice de Serra, deixou os petistas com a sensação de que a aliança Serra-Kassab está próxima de ser reeditada. A fala também surpreendeu integrantes do PSD e do DEM. A avaliação majoritária foi a de que a Kassab interessaria ceder a vice ao DEM não para garanti-los na composição serrista, mas para se reaproximar da legenda.

O prefeito é considerado o grande responsável pela derrocada nacional da sigla, já que a maior parte dos integrantes do PSD é egressa do DEM. Ao sinalizar que a vice, em uma eventual candidatura Serra, não ficaria com seu partido, Kassab já estaria mirando em uma reaproximação com seu antigo partido, pelo menos regionalmente, com vistas a uma composição para o governo do Estado ou ao Senado em 2014.

Para tanto, apoiaria Rodrigo Garcia, presidente municipal do DEM em São Paulo e secretário estadual de Desenvolvimento Social.

Prévias tucanas

Antes da indicação da vice (pelo DEM ou pelo PSD) na chapa de Serra, é preciso ainda confirmar se ele será mesmo escolhido pelo tucanato paulistano o candidato das forças reacionárias na capital.

A indecisão fez o governador Geraldo Alckmin afirmar aos pré-candidatos do PSDB que, enquanto Serra não der sinal claro de que vai entrar na disputa pela Prefeitura, não fará nenhum movimento para impedir as prévias, marcadas para 4 de março.

Alckmin já conversou com José Aníbal, Ricardo Tripoli e Bruno Covas. O único pré-candidato que ainda não se reuniu com o governador é Andrea Matarazzo. As reuniões ocorreram separadamente. Segundo relatos, o governador teria assegurado que, mantida a indefinição sobre a candidatura de Serra até as prévias, haverá a disputa interna.

Com esse discurso, ganha força a versão de que aliados do governador tentarão fazer com que Covas ou Matarazzo vença as prévias. Para que depois abram mão da candidatura em favor de Serra. A atitude de Alckmin contraria a expectativa de alguns serristas, que esperavam atuação mais forte do governador contra a disputa interna.

Na última semana, os indícios de que Serra teria voltado atrás na decisão de não participar das eleições provocou muito incômodo entre os caciques tucanos. O racha também teve desdobramentos entre os filiados do partido. Em um vídeo que estava no site do PSDB da capital — e que foi retirado do ar na noite dessa quarta-feira (22) — Serra era chamado de "palhaço" por uma filiada do PSDB.

Da redação,
Mariana Viel – com informações do Valor e da Folha de S.Paulo