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Crise requer dureza e resistência da classe operária, diz KKE (2)

Em sua intervenção no recém terminado 13º Encontro Internacional dos Partidos Comunistas e Operários, realizado em Atenas, Grécia, a secretária-geral do Partido Comunista da Grécia (KKE, na sigla em grego), Aleka Papariga, expôs aos delegados de todo o mundo as linhas de ação do partido diante da crise que vive o país e a Europa. Confira a segunda parte do discurso da dirigente:

Apenas o poder popular pode garantir a soberania popular e a retirada verdadeira de todas as alianças imperialistas, como a UE e a Otan.

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Nós promovemos os seguintes eixos: poder-popular-retirada-cancelamento da dívida. A retirada sem a socialização será também destrutiva para o povo, enquanto que a socialização é impossível sem a retirada.

Hoje em dia, mais do que nunca, o povo pode dar-se conta de que não divide a mesma pátria com o capital, os monopólios e seu poder. Por cima do idioma nacional e o legado político colocam os lucros e de acordo com estes, formam alianças e sacrificam tudo.

Por isso o termo pátria adquire um conteúdo essencial para o povo apenas através do poder operário, com as instituições da participação operária popular, a defesa e a proteção.

A política de alianças se limita nos acordos de cima com base em um programa mínimo, enquanto consideram que o movimento é um palanque para o reordenamento das forças políticas para a formação de alianças de centro-esquerda e políticas de administração do sistema.

Nós falamos ao povo abertamente da aliança sociopolítica da classe operária e os setores populares pequeno-burgueses pobres da cidade e do campo. Falamos sobre o reagrupamento do movimento operário popular com clara orientação antiimperialista, anti-monopolistas, e em última instância anticapitalista. Que deve ter claramente em sua orientação utilizar em cada país cada fissura e cada rachadura na administração burguesa para debilitar e derrocá-la.

A política de alianças objetivamente tem dois aspectos independentemente da variedade de formas que pode tomar: ou terá como objetivo a preservação e longevidade do poder político burguês ou fará ou acordo básico pela conquista do poder operário popular.

Cada fissura no sistema político, nos mecanismos do poder capitalista, qualquer coisa que pode debilitar o governo burguês e em geral os partidos burgueses, contribui com o fortalecimento das forças da aliança popular pelo derrocamento radical do sistema da exploração capitalista, da ditadura dos monopólios.

Lutamos sistematicamente contra opiniões do tipo “o problema da economia grega são os grandes lucros acumulados no sistema bancário ou nas bolsas em oposição aos lucros na indústria, na produção”. Contra opiniões que dividem os lucros em “legais” ou “ilegais”, que o capitalismo supostamente são converteu em “capitalismo cassino”. É necessária atenção especial na consideração do imperialismo como política exterior e um tipo de relações interestatais, em vez de sistema socioeconômico, é dizer capitalismo monopolista.

Outra variação da percepção socialdemocrata adota a posição de necessidade de re-habitação do capitalismo, de sua humanização, mediante o controle das funções mais parasitárias do sistema financeiro. Não querem e não podem reconhecer o fato que não existe empresa, grupo monopolista de grande parte dos capitais que ativa não sejam externos, é dizer capitais prestados, e não próprios de seus acionistas. Em condições em que a taxa média dos lucros têm uma tendência decrescente, estas empresas têm dificuldade de tomar empréstimos e assim se dificulta a ampliação da produção e se produz uma recessão. Além disso, não querem reconhecer que os bancos não realizam apenas prestações, não investem apenas no mercado de dinheiro, mas também compram ou participam no capital industrial. Não aceitam fusão do capital bancário do capital industrial.

Está claro que, em condições de crise há possibilidades de aprofundamento repentino da luta de classes, da entrada repentina de massas populares mais amplas sem a experiência social e política necessária. Somos conscientes do perigo de que o movimento não se encontre em fase de retrocesso visto que experimenta a barbárie do desemprego, da pobreza, da indigência, das consciências da violência estatal e patronal, assim como o impacto ideológico da ideologia burguesa, do reformismo e do oportunismo, sob o impacto do anticomunismo desenfreado que se propõe também de modo oficial por meio dos órgãos do Estado e seus mecanismos ideológicos.

Apesar das dificuldades, a campanha de intimidação do povo em nome da crise, a intimidação nos centros de trabalho, a impaciência das massas sobretudo daqueles que vivem de setores populares pequeno-burgueses que até hoje tinham um relativo bom nível de vida, o KKE se manteve firmemente orientado à necessidade e atualidade do socialismo.

O agravamento da crise econômica, as contradições dentro da EU, a consciência anticapitalista emergente contribuem para que as pessoas entendam mais facilmente que se requer uma mudança radical profunda. Claro que estes processos não conduzem de modo automático à opção do conflito, à firme participação na organização da luta de classes. No entanto, hoje o terreno para um conflito ideológico-político mais profundo é relativamente mais fácil, em comparação com anos anteriores quando a deterioração da situação dos trabalhadores evoluía mais lentamente em comparação com a tormenta de hoje.

O KKE chama o povo a lutar para que os meios concentrados de produção na indústria se convertam em propriedade popular, para a socialização da terra, das grandes empresas no setor agrícola e o comércio concentrado. Com base nestas relações, a produção agrícola deve se organizar com inventivos de concentração, inicialmente, em cooperativas de produção.

A socialização dos meios de produção e a planificação nacional central com ferramentas científicas vão liberar grandes possibilidades de produção subutilizadas, vai assegurar a cientificamente combinada prioridade e satisfação das necessidades sociais básicas por exemplo a alimentação, as casas populares, a educação, a saúde e o bem-estar, obras de infraestrutura.

A expansão do tempo livre para os trabalhadores vai contribuir para a participação essencial no controle. O controle operário popular começará das unidades de produção com representantes eleitos e revogáveis e se estenderá a todo setor e região. Nos órgãos de poder eleitos participarão representantes dos trabalhadores das unidades de produção e será garantida a participação dos membros de cooperativas, de estudantes e aposentados. Os representantes eleitos no órgão superior do poder no país, não serão permanentes, mas revogáveis.

Ao mesmo tempo, o poder popular, que para o KKE é o socialismo e não um estado intermediário entre o capitalismo e o socialismo, economizará recursos importantes mediante a abolição dos gastos militares para os planos imperialistas agressivos da Otan, mediante o cancelamento verdadeiro e total da dívida, mediante a abolição dos pacotes de apoio multiformes aos grupos monopolistas e os bancos. Esta é a superioridade imensa do poder popular que pode garantir o bem-estar social frente ao capitalismo monopolista velho que executa planos para os vários grupos e setores do grande capital, que competem entre eles para a maior rentabilidade possível.

Apenas a planificação central pode superar as desigualdades no desenvolvimento das regiões dentro do país. O poder popular é o único poder que pode fazer acordos comerciais de benefício mútuo com outros povos, com outras economias populares, e erradicar o fenômeno das competências imperialistas sobre a utilização dos recursos naturais do mar e da terra.

Apenas esta luta que tem um ponto de mira no verdadeiro inimigo, é dizer o poder dos monopólios e incorpora as iniciativas dos obstáculos da ofensiva antipopular na organização do contra-ataque do movimento popular, pode garantir a continuidade, a duração da luta, alternando constantemente as formas de lutas e a perspectiva vitoriosa para a classe operária e seus aliados sociais.

Cada reflexão, casa slogan e posição que está em conflito com as relações de propriedade e o poder capitalistas foram atacadas por todos os partidos com o argumento de que o socialismo fracassou e, portanto, não há mais solução que a gestão dos problemas dentro do capitalismo. Conseguintemente, o assunto de tirar conclusões da vitória da contrarrevolução é um assunto crucial, não tem a ver apenas com o período da construção mas também com o período da concentração de forças.

Obviamente não há situação revolucionária na Grécia para planejar na prática como dever imediato a derrocada do sistema capitalista, mas tudo mostra que se o movimento operário, a seção mais radical do povo, não reivindica a questão da luta na direção do poder operário, vai se agarrar nas variações da gestão burguesa e perderá toda oportunidade de escalada e de perspectiva.

Antes da crise, o assunto do poder operário para muitos, na melhor das hipóteses, parecia um assunto de discussão. No entanto, hoje em dia, a realidade demonstra que é um objetivo de luta obrigatório, da sentido na luta diária em condições de uma crise profunda, em condições que a burguesia não faz manobras nem concessões. O problema do poder afeta hoje as formas de luta, da prioridade à organizacção e ao desenvolvimento da iniciativa operária e popular desde baixo, ao rechaço da obediência e à indisciplina às leis burguesas, à formação dos germes do novo poder e dos órgãos de controle operário.

A solução para o povo não é a alienação com uma solução para o povo não está alinhado com uma divisão da burguesia nacional, com um dos centros imperialistas abandonando outro, em um período em que suas contradições se aprofundaram. A solução não é o apoio dos novos partidos burgueses contra os velhos, os governos de coalizão no lugar dos governos de um partido.

A solução está na luta organizada que focará nos centros de trabalho, nos sindicatos, e terá em sua orientação o desafio, o conflito e a ruptura com os monopólios, os partidos, os governos e suas alianças imperialistas, na perspectiva de seu derrocamento. Esta é a única linha de luta realista.

Não se trata de uma obra de um só ato, por isso os movimentos, as passagens, as fases não devem se separar deste objetivo.

Nos próximos meses, no ano que vem, pode e deve ser manifestada uma participação massiva nas assembleias nos grandes centros de trabalho, nas reuniões do povo nos bairros operários populares, na organização e no contra ataque às consequências das leis operárias antipopulares, aos impostos e cortes nos salários e pensões, na luta pela prestação de desemprego e o funcionamento de unidades de saúde, de educação, de bem-estar para a proteção da família popular.

O conflito com o dominio económico dos monopólios e seu poder político é determinado em primeiro lugar ali onde se produz ou se apropria a mais valia, onde se criam os lucros, onde se criam os lucros capitalistas, é dizer, as empresas industriais, capitalistas, os centros comerciais, os hospitais privados, os bancos, a empresa de grande concentração de trabalhadores assalariados, independentemente da especialização do trabalho. Nestes centros se julga a luta não nos asuntos parciais, mas contra a política antipopular em seu conjunto. O único critério para a confiança de qualquier forma de organização sindical ou política é seu posicionamento frente à necessidade anterior, a organização e o êxito da greve em cada centro de trabalho. Não basta fazer declarações sem que se acompanhem as respectivas atividades de organização e proteção das mobilizações de greve.

Nestes centros de trabalho deve ser forjada a luta de classes unificada tendo como critério a luta de vanguarda contra a patronal capitalista, o sindicalismo pró-governamental e amarelo, os partidos e o poder dos monopólios. É ali onde se determinará a continuação, a perspectiva da debilidade da política antipopular até seu derrocamento radical.

É óbvio que os acontecimentos que experimentamos, a crise capitalista e a agresividade imperialista impõem o fortalecimento da luta do Movimento Comunista Internacional pelos interesses da classe operária, dos setores populares, pelo término da barbárie capitalista, intensificando os esforços para uma estratégia revolucionária unificada. Nesta direção que o KKE coloca as suas forças.