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Crise deriva da falta de atitudes necessárias, afirma Dilma

Na avaliação da presidente Dilma Rousseff a crise econômica mundial, que atinge em cheio países europeus e os Estados Unidos, não é decorrente da falta de dinheiro, mas, sim, da falta de capacidade de tomar decisões necessárias. A declaração foi dada hoje (21) na cerimônia de contratação das obras de saneamento do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2), em municípios com até 50 mil habitantes.

"Eu acredito que [a crise] não deriva, de jeito nenhum, de falta de dinheiro. Todos eles [os países] têm dinheiro. Mas deriva de decisões políticas que nós não vemos serem tomadas em definitivo", acrescentou Dilma, que citou a decisão tomada ontem (20), na Cúpula do Mercosul, de incluir mais 100 itens na cesta de produtos com tarifas especiais como uma das formas eficientes de enfrentamento da crise.

"No caso do Mercosul, nós tivemos uma grande conquista, aumentando em mais 100 produtos a lista de tarifa especial do bloco. Isso significa que o Brasil pode tributar nos níveis da Organização Mundial do Comércio (OMC) 100 produtos", disse a presidente.

Para ela, a medida poderá combater práticas protecionistas adotadas por outros países. "Essa medida pode impedir os efeitos mais perversos dessa crise, que vêm sendo uma prática sistemática de competição, muito pouco leal, por meio de dumping, do uso da guerra cambial, da desvalorização artificial de moedas, para tomar o nosso mercado ou para tomar qualquer mercado do mundo", avaliou Dilma.

Ela voltou a criticar a relação entre governo e oposição nos Estados Unidos, lembrando a votação do aumento do teto da dívida estadunidense, em agosto deste ano, como exemplo de briga entre a oposição e o governo que acabou adiando a decisão necessária. Ela citou esse episódio para dizer aos governadores e prefeitos presente à cerimônia de assinatura de obras no Palácio do Planalto que no Brasil tem sido diferente.

"Eu acho que o Brasil, nessa questão da relação republicana, está na vanguarda. Nós não vemos aqui práticas como aquelas desenvolvidas em alguns países, inclusive em alguns países que têm a liderança internacional, em que a oposição e a situação não olham o interesse da nação, mas cria-se uma briga política sem fim", frisou Dilma, responsabilizando mais a oposição norte-americana pelo episódio. Ela já havia feito a mesma crítica, na sexta-feira (16), em um café da manhã com jornalistas.

Hoje, mandou novamente o recado: "Nós vimos perplexos aquela questão do teto da dívida. Perplexos porque era como se nós, por exemplo, déssemos um tiro no próprio pé. No dia seguinte, eles foram rebaixados. Agora, emitem moeda e isso não tem grande importância de punição”.

Para Dilma, a relação do governo com a oposição tem um caráter republicano. "Eu acredito muito nessa parceria que nós desenvolvemos no Brasil e que mostra maturidade. Primeiro, ela é uma parceria republicana. Nós aqui não estamos perguntando o partido de ninguém, a posição política de ninguém. Nós estamos interessados, e isso é uma conquista do país, na população dos diferentes municípios e dos diferentes estados, porque seus representantes foram eleitos legitimamente", disse Dilma, a dezenas de prefeitos e governadores presentes na cerimônia.

Saneamento

O governo anunciou durante a cerimônia o investimento de R$ 3,7 bilhões em 1.114 obras de abastecimento de água e esgotamento sanitário em 1.116 municípios com até 50 mil habitantes, de 18 estados do país. Os repasses fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) e os recursos sairão do Orçamento Geral da União (R$ 2,6 bilhões) e os outros R$ 1,1 bilhão serão contratados por meio de financiamento público federal.

“Essa primeira etapa de seleção do PAC 2 representa, sem dúvida, um passo para romper a ausência de investimentos em saneamento que por décadas caracterizou o nosso país”, comentou Dilma Rousseff.

Ao todo, o projeto de obras de saneamento básico do PAC 2 investirá R$ 45,1 bilhões no país, de 2011 a 2014, de acordo com o Ministério do Planejamento. Desse montante, serão destinados cerca de R$ 5 bilhões para as obras em municípios com até 50 mil habitantes, sendo R$ 4 bilhões do Orçamento Geral da União e R$ 1 bilhão de financiamento público federal.

“Nós sabemos a importância das obras de saneamento. Talvez sejam uma das maiores prevenções que se pode fazer na área da saúde, em especial na mortalidade infantil. De fato, é uma obra escondida. Depois que você faz, ela desaparece, mas ela aparece nos dados de saúde pública”, lembrou Dilma.

Com Agência Brasil e Blog do Planalto