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O avanço da ciência depende da educação básica

A educação universal de qualidade é fundamental para o desenvolvimento da ciência e permite atingir objetivos que poderiam parecer impossíveis, afirmaram nesta quarta-feira (7) em Estocolmo, na Suécia, alguns dos vencedores dos Prêmios Nobel deste ano. Os ganhadores nas áreas de Física, Química e Economia deram uma entrevista coletiva na qual defenderam a importância do apoio à ciência básica.

O professor americano Brian Schmidt – um dos três Nobel de Física – ressaltou que a sociedade se desenvolve por meio da tecnologia e da inovação, mas que na base está a pesquisa fundamental, com a qual se chega "a revoluções que nos permitem inventar coisas".

Quando Albert Einstein formulou a teoria da relatividade "muitos se perguntaram para que servia" e, no entanto, agora é imprescindível, disse o Nobel de Química, o professor israelense Dan Shechtman. "Às vezes é preciso esperar anos" para ver os resultados de uma descoberta, mas sem eles "o mundo seria agora muito diferente", afirmou o descobridor dos "quase-cristais", estruturas nas quais os átomos se agrupam em um padrão aperiódico, que não se repete, e que a ciência considerava impossível.

No entanto, antes da ciência fundamental, a base está em uma educação de qualidade para todos desde os primeiros anos. "Temos que melhorar a educação básica para todos", disse Shechtman, acrescentando que os pais que "privam seus filhos de uma boa educação" estão lhes negando a oportunidade de terem um bom futuro.

O astrônomo Adam Riess, outro dos vencedores na área de Física, considerou a educação "uma ferramenta essencial" para qualquer país que queira "alcançar excelência em pesquisa fundamental", embora também seja importante que os Governos distribuam os recursos e a organização das universidades.

O químico descobridor dos "quase-cristais" se dirigiu ainda aos adolescentes para dar um conselho sobre como ser bem-sucedido em ciência e em tecnologia. "Eles têm que ser especialistas em uma matéria e para isso é preciso começar desde cedo, ainda no colégio (…) mesmo que depois queiram mudar" porque isso abrirá um amplo caminho pela frente.

Trabalho em equipe
Parte dos prêmios Nobel deste ano foram dados a pessoas que trabalhavam em equipes internacionais, cujo papel é cada vez mais importante em projetos, como o que valeu o prêmio de Física, sobre a expansão acelerada do Universo, salientou Saul Perlmutter, um dos vencedores.

Para esse tipo de projeto é preciso contar "com o esforço de grandes equipes, aparelhos sofisticados e pessoas que venham de vários países e com diversas habilidades".

Christopher Sims, que ganhou junto com Thomas Sargent o Nobel de Economia, explicou que a pesquisa na área econômica costuma ser feita em grupos pequenos, mas o trabalho que o levou a ganhar o Nobel contou "com a influência de grandes equipes de economistas dos bancos centrais de todo o mundo".

Sobre o rumo de suas futuras pesquisas, Shechtman indicou que ganhar o Nobel não é apenas o maior prêmio para um cientista, mas traz também uma grande responsabilidade "já que o mundo inteiro olha para o que o pesquisador fará depois".

Os vencedores em Física concordaram que após descobrirem que o Universo está se expandindo cada vez mais depressa, agora é preciso dar uma resposta a esse fenômeno, que já gera especulações sobre a ação da "misteriosa" energia negra, da qual pouco se sabe.

Sims usou o trabalho para criar novos modelos de escala, além de "redefinir" a teoria das "expectativas racionais", sobre a qual Sargent se debuçou. Essas pesquisas "forneceram novos conhecimentos fundamentais para nos ajudar a entender melhor o mundo em que vivemos", afirmou o secretário permanente da Real Academia Sueca de Ciências, Staffan Normark, que apresentou os vencedores.

A Academia "reconhece seus esforços e os cita em seus discursos" para fortalecer o apoio à ciência básica, concluiu Normark.

Fonte: Terra