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O Brasil na pauta do debate desenvolvimentista

Esta é a proposta da Rede Desenvolvimentista, uma espécie de think tank virtual criado por um grupo de trinta professores universitários e pesquisadores, quase todos economistas. A rede, lançada oficialmente em um workshop de Economia da Unicamp, na terça (29), tem a ambição de, a partir do aprofundamento de pesquisas e análises conjunturais, propor uma agenda nacional de temas estratégicos para o desenvolvimento econômico com inclusão social

Carlos Lessa, membro da “academia virtual” e ex-presidente do BNDES, resume o esforço: “Queremos colocar o Brasil em pauta”, com ênfase na defesa da “centralidade” da indústria para o desenvolvimento nacional.

Para estimular o intercâmbio de ideias e experiências, a agenda anual prevê dois simpósios de âmbito nacional e um internacional. O primeiro evento deve ocorrer em abril ou maio de 2012.

Para ampliar o contexto de discussão, o grupo está finalizando um website que servirá tanto de plataforma para os debates e colaborações via rede como para locar um arquivo documental que alimenta uma base de dados consistentes e determinantes para as análises e propostas.
A rede ainda está aberta a novos colaboradores, reunindo, até agora, especialistas de diferentes áreas que têm em comum a crítica à ortodoxia econômica. Entre as instituições representadas estão o IE-Unicamp e o departamento de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde Lessa e Maria da Conceição Tavares formaram gerações. Em participação mais modesta, estão USP, FGV-SP e Ipea.

O chamado “desenvolvimentismo crítico” está desarticulado, segundo os trinta atuais integrantes da rede, que irão formar, segundo Lessa, “o núcleo duro”, ao qual pelo menos mais 300 profissionais irão se integrar, participando via site e eventos.

Ricardo Carneiro, coordenador da Rede e professor da Unicamp, detalha: “A ideia é criar um corpo de política econômica capaz de subsidiar governos, sindicatos, movimentos sociais e a sociedade em geral, nos contrapondo ao pensamento conservador”.

No futuro, a iniciativa terá novos desdobramentos com a oferta de bolsas de estudos a professores e estudantes interessados na pesquisa dos temas prioritários. A pauta inicial colocou em foco a crise na Europa e EUA, a difícil e inevitável relação entre desenvolvimento, integração sul-americana, presença chinesa na economia global, demografia e espaço, vulnerabilidade externa e os descaminhos da indústria brasileira.

Lessa está incumbido de escrever um manifesto público descrevendo o projeto, para já fomentar o acesso de interessados à plataforma virtual de discussões e dados. Enquanto a frente não se abre, os nomes já comprometidos incluem dois ex-ministros, como Luiz Carlos Bresser Pereira e o embaixador do Brasil na Itália, José Viegas, o cientista político André Singer, a socióloga Tânia Bacelar, os economistas Wilson Cano, Ernani Torres, Francisco Lopreato e José Carlos Miranda, entre outros.

O Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), uma oscip conveniada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, vai financiar a empreitada.

Por Christiane Marcondes, com informações da Carta Capital