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Ferroviários pedirão explicações à CPTM sobre mortes

O Sindicato dos Ferroviários da Zona Sorocabana, em São Paulo, vai pedir explicações à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) sobre dois acidentes de trabalho com vítimas fatais, ocorridos em menos de cinco dias. Segundo a entidade, no acidente desta sexta-feira (2), em Barueri, que matou dois trabalhadores, está claro que houve falha de comunicação e na segurança. A entidade rebate a afirmação da empresa, de que eles não estavam autorizados a estarem no local onde foram atingidos.

“Eles (trabalhadores) saíram com uma ordem de serviço autorizando a ida deles até o local, para verificar o boleto da linha férrea, que é a parte superior do trilho, onde as rodas do trem ficam apoiadas. Para fazer isso, muitas vezes é necessário ficar no trilho, ou bem próximo a ele”, explicou o dirigente sindical Evangelo Lucas, conhecido como Grego, que esteve no local onde, na manhã de hoje (2), Edgar Antônio Dalbo, de 55 anos, e Antônio Camilo Severino, 63, faziam uma inspeção de rotina em uma linha de trem quando foram atingidos por uma composição de passageiros que estava vazia.

No entanto, a CPTM afirmou, em nota, que eles estavam autorizados a realizar inspeções ao longo da faixa ferroviária, mas não deveriam acessar os trilhos.

O vice-presidente da entidade, Everson Crazeiro, que também estava presente na área férrea e acompanhou o recolhimento dos corpos, relatou ao Vermelho que ambos usavam o coletes refletivos e capacetes, como equipamento de segurança, mas não portavam rádios de comunicação. “Isso tudo poderia ter sido evitado se dois outros empregados estivessem fazendo cobertura de linha, um dos procedimentos de segurança. Quando foram atingidos, estavam no meio de uma curva acentuada. Não tiveram tempo”, contou.

Ainda de acordo com Everson, nessas situações, dois trabalhadores ficam nas pontas da curva com uma bandeira e um apito. A bandeira para sinalizar ao maquinista que tem gente na linha, e o apito para avisar os funcionários sobre a chegada de uma composição.

Ele contou também que o trem que atropelou o funcionários seguia na direção capital-interior, passou pelo local, foi até Barueri, e recolheu vazio, somente com o maquinista. “Os funcionários foram pegos de costas, o que demonstra que o trem estava na direção contrária a que era esperada pelos trabalhadores. É comum aquela via seguir contrária, mas houve certamente falha na comunicação ou de quem inverteu a via, ou de quem emitiu a ordem de serviço dos dois trabalhadores”, detalhou o vice-presidente do sindicato.

TAC

Os ferroviários revelaram que foi firmado um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) em 8 de setembro deste ano, entre CPTM, Ministério Público e Ministério do Trabalho de Osasco, com relação às normas de segurança da estatal, resultado de denúncias feitas, desde 2003, pelo sindicato. O TAC regulamenta o uso de equipamentos e normas de segurança.

“O que a gente nota é que a empresa, com todos os investimentos que vem sendo feito, é que a prioridade do Governo do Estado é fazer a linha andar. Se tiver que interditar uma linha podendo prejudicar a circulação, eles pensam duas vezes. Portanto, a segurança dos trabalhadores acaba ficando em segundo plano”, declarou Everson Crazeiro.

A entidade se colocou à disposição da Delegacia Central de Barueri, que investiga o acidente, e também vai colher depoimentos de trabalhadores envolvidos nas operações, como o maquinista, que ainda está em estado de choque.

Em nota, a CPTM disse que, além de seguir normas de segurança, tem programas de treinamento para utilização correta dos equipamentos e para o tipo de serviço a ser executado na via férrea.

Outro acidente

No madrugada de domingo (27), um técnico e dois engenheiros foram mortos atropelados por um trem de passageiros, entre as estações Brás e Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo. Segundo a companhia, as vítimas estavam transitando nos trilhos da Linha 11-Coral, sentido Luz, quando foram atingidas pela composição. Um inquérito foi instaurado na delegacia de Acidentes de Trabalho para apurar. A CPTM disse que, depois de testar um novo trem, os quatro caminhavam sobre a linha, o que seria proibido. A companhia diz que eles estavam sem os equipamentos de proteção, entre eles, o colete refletivo.

Deborah Moreira, da redação do Vermelho