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América Latina ainda está ausente da campanha nos EUA

À medida que a campanha para as eleições presidenciais de 2012 nos Estados Unidos avança, fica cada vez mais clara a pouca atenção dada à América Latina pelos candidatos.

À medida que a campanha para as eleições presidenciais de 2012 nos Estados Unidos avança, fica cada vez mais clara a pouca atenção dada à América Latina pelos candidatos.

Na noite desta terça-feira (22), quando os oito principais candidatos à indicação do Partido Republicano para concorrer à Presidência se reunirem para mais um debate, a política externa será um dos assuntos em pauta, mas a região deverá ficar de fora das discussões.

"É normal", disse à BBC Brasil o analista Peter Hakim, presidente emérito do instituto de análise política Inter-American Dialogue, com sede em Washington.

"Em algum momento, os candidatos poderão fazer um discurso sobre a América Latina. Mas a região raramente aparece nos debates", afirma Hakim, que já acompanhou inúmeras campanhas presidenciais americanas.

Romney

Entre os principais candidatos à indicação do Partido Republicano para concorrer à Presidência, apenas Mitt Romney, o ex-governador de Massachusetts que aparece no alto das pesquisas de intenção de voto, apresentou um plano para a região.

O próprio presidente Barack Obama, que concorre à reeleição, depois de quase três anos de uma política em relação à América Latina considerada decepcionante por muitos analistas, ainda não anunciou um novo projeto para a região nesta campanha.

"Faltando pouco menos de um ano para as eleições presidenciais americanas, uma política coerente e sustentável em relação à América Latina continua ausente das campanhas e das estratégias de ambos os partidos (democrata e republicano)", diz o analista Robert Works em um artigo publicado pelo instituto progressista Council on Hemispheric Affairs (COHA).

O próprio plano de Romney é considerado limitado por Works, "quase inteiramente dominado por interesses comerciais".

O republicano propõe a criação da Campaign for Economic Opportunity in Latin America ("Campanha para Oportunidade Econômica na América Latina", ou CEOLA, na sigla em inglês), um organismo com o objetivo de promover a integração regional e um esforço de promoção comercial.

"Mitt Romney pelo menos apresentou um ponto de partida para uma política externa do século 21, que provavelmente não irá a lugar nenhum", diz Works.

Prioridades

Nas poucas vezes em que a região é mencionada pelos outros candidatos, os interesses geralmente se restringem a Cuba, Venezuela, México e imigração – este último tratado muito mais como uma questão doméstica.

O Brasil não aparece entre as prioridades nem dos republicanos nem do atual governo.

A própria indicada de Obama para o cargo de Subsecretária de Estado para o Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson, ignorou o Brasil ao citar suas prioridades em sabatina no Senado no início do mês.

Jacobson substitui Arturo Valenzuela, que deixou o cargo de principal diplomata para a região criticado, já que apesar do otimismo gerado com a posse de Obama, a expectativa de que os Estados Unidos estabeleceriam uma relação mais próxima com a região acabou frustrada.

Apesar de as mudanças no Departamento de Estado e a própria campanha presidencial terem sido vistas como uma oportunidade de dar novo rumo às relações, analistas não apostam em grandes mudanças, seja quem for o vencedor da votação de 6 de novembro de 2012.

"Os Estados Unidos e a América Latina estão indo em direções opostas. Não há mais discussão em Washington sobre uma abordagem para a região", diz Hakim.

Fonte: BBC Brasil