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Itália promete mais aperto, e ruas reagem

Pressionado pela dívida alta e pelas exigências do mercado, o premiê italiano, Mario Monti, prometeu medidas de austeridade, como a reforma do sistema de aposentadoria, e cobrou sacrifícios.

Protestos Itália - CET

O novo primeiro-ministro tem a tarefa de não só reduzir a dívida como retomar o crescimento e, para isso, anunciou que vai fazer mudanças no mercado de trabalho e no sistema tributário e lutar contra a evasão fiscal.

Ele também disse que vai retomar um tributo para quem adquire a primeira casa, que caiu no governo do seu antecessor, Silvio Berlusconi (2008-2011).

"Só poderemos contribuir para as reformas europeias se evitarmos ser vistos como o elo fraco da Europa", disse em discurso de 45 minutos no Senado.

"O futuro do euro depende do que a Itália fizer nas próximas semanas."

Ao mesmo tempo em que Monti discursava no Senado, estudantes faziam protestos em várias cidades do país contra o novo governo, inclusive entrando em confronto com a polícia em Roma e Milão — onde os manifestantes tentaram chegar, sem sucesso, à Universidade Bocconi, em que Monti é o presidente.

Os protestos não ficaram restritos à Itália. Milhares de pessoas foram para as ruas de Atenas para protestar contra o aperto econômico adotado pelo governo grego.

Mais Cortes

Em meio à crise, diversos países europeus anunciaram novas medidas de austeridade nos últimos dias, visando frear o aumento da dívida e convencer o mercado de que não vão dar calote nos seus títulos.

Na França, o governo do presidente Nicolas Sarkozy, que já adotou medidas semelhantes, disse nesta semana que estuda reformas para reduzir os custos trabalhistas.

Já a Irlanda anunciou que vai reduzir o funcionalismo em 23,5 mil pessoas até 2015 (de um total atual de 297 mil), para economizar € 2,5 bilhões, além de diminuir o número de órgãos públicos.

Mas, apesar das promessas dos governantes, os mercados continuam exigindo cada vez mais para adquirir os títulos da dívida pública. A Espanha teve que pagar o maior retorno desde que entrou no euro, de quase 7%.

Além disso, os papéis das dívidas espanhola e italiana negociados no mercado tiveram forte alta no mercado secundário e exigiram intervenção do Banco Central Europeu, que comprou títulos para reduzir o rendimento.

Os dois países sofrem com as dúvidas sobre se os planos adotados são suficientes para colocar as contas em dia e se vão retomar o crescimento para que a dívida pública não avance ainda mais.

A Espanha ficou estagnada no terceiro trimestre, enquanto a Itália, que não divulgou ainda os dados do PIB de julho a setembro, "já está em recessão", de acordo com relatório da agência Fitch.

Mesmo a França, a segunda maior economia da zona do euro, sofre com a crise de desconfiança: teve que pagar retorno de 2,82% para títulos com vencimento em cinco anos, ou 0,5 ponto mais que no mais recente leilão.

Os problemas também tiveram reflexo nas Bolsas. Paris caiu 1,78%, e Londres, 1,56%. Em Nova York, o Dow Jones recuou 1,13%.

Fonte: Folha de S. Paulo