Cenário político eleitoral em Goiás segue indefinido

Muita água ainda deve rolar, mas alguns nomes precisam se afirmar para consolidar a disputa na capital goiana.


Demóstenes Torres (DEM) se apoiado pelo PSDB; o prefeito petista Paulo Garcia, apoiado por Iris Rezende e Isaura Lemos (PCdoB), alternativa.

Embora não haja um ou dois nomes claros e definidos para a candidatura à Prefeitura da capital de Goiás, como ocorreu nesta mesma época em 2007, a disputa eleitoral começou logo depois da eleição de 2010 e agora deve ir se acirrando.

Sabe-se até agora que alguns candidatáveis tentam se afirmar dentro de seu próprio partido, ou na sua base. O que parece é que a discussão sobre coligação ou formação de grupos em favor de determinado candidato foi adiado para o fim deste ano, nas reformas do secretariado, ou mesmo para o ano que vem. Isto porque tanto os partidos da base aliada de Marconi Perillo (PSDB) e da base aliada do prefeito petista não demonstraram ainda entusiasmo em se afirmar.

O atual Prefeito de Goiânia, Paulo Garcia não aglutinou forças dentro do seu partido ou de sua base eleitoral, como é o caso do PMDB, e do PCdoB que desta vez anuncia que lançará candidato próprio na eleição de 2012. Mas Paulo terá em seu palanque um cabo eleitoral poderoso: Iris Rezende. E vale lembrar que Iris derrotou Marconi em Goiânia nas últimas eleições, com uma votação expressiva na capital. A diferença de votos de Marconi para Iris Rezende (PMDB) nas eleições para o governo estadual em 2010 foi, no segundo turno, pouco mais de 170 mil votos. E o governador tucano vislumbra ainda a presidência da República em 2014, suas ações devem ser bastante estudadas e as conquistas devem ocorrer em todo estado para ele atingir seu objetivo maior, já que os ventos são favoráveis, com o enfraquecimento de José Serra e Aécio Neves, do mesmo partido de Marconi e principais nomes na disputa à presidência da república em 2014.

O governador goiano já falou que as pesquisas iriam definir sua aposta eleitoral, mas sabemos que não é isso que está em jogo, há ainda um cenário bastante duvidoso do próprio eleitor já que não há favoritos ou um grande nome na disputa.

A última pesquisa Serpes/O Popular*, realizada no final de outubro, que entrevistou 501 pessoas, 82,4% destas responderam não ter candidato ainda se as eleições fossem hoje, o que revela que o cenário político eleitoral não está definido.

Demóstenes

Na pesquisa espontânea, o senador Demóstenes Torres (DEM) ficou com 33% das intenções de votos, atrás, o Prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT) com 13%. O terceiro lugar segue com empate técnico entre Túlio Isac (PSDB), Sandes Júnior (PP) e Sandro Mabel (PMDB) com 5% a 6% da intenção de votos. Como alternativa de esquerda, na pesquisa estimulada, a deputada Isaura Lemos, (PCdoB) foi lembrada por 0,4% dos votos, entretanto não teve nenhuma rejeição, ao contrário dos outros adversários.

O possível candidato, o senador Demóstenes Torres, mesmo estando à frente da pesquisa disse na convenção do DEM que se manterá como possível candidato a prefeito de Goiânia até meados do ano que vem, mas não se acentuou candidatíssimo. Analistas acreditam que esta foi uma demonstração que ele está fora da disputa. Ou pode ser mais um jogo político.

Pelo menos no quesito eleitoral, Demóstenes está pronto para disputar o cargo de prefeito de Goiânia, já que em 2010, Demóstenes foi reeleito senador com 2,15 milhões votos, quase o dobro do número populacional de Goiânia que tem 1.302.001 habitantes e 909 mil eleitores cadastrados no TRE. Mas deve-se levar em conta também que em suas últimas campanhas ao executivo, o nome de Demóstenes não teve boa aceitação.

Outra possibilidade é que Demóstenes Torres troque o Senado pelo Supremo Tribunal Federal, em 2012. Entretanto, o cenário político eleitoral se encontra bastante complexo para tais indagações. Imaginamos que o fato do senador não se afirmar como candidato possa ser também uma mensagem ao governador Marconi Perillo ficar a vontade sobre um possível apoio não em 2012, mas em 2014, colocando Demóstenes como seu sucessor estadual.

Tucanos

Ainda há a disputa com o próprio PSDB, e o principal argumento dos tucanos é que a legenda precisa lançar candidato para ter condições de crescer na região metropolitana.

O deputado estadual Fábio Sousa já se declara abertamente ser um dos pré-candidatos à Prefeitura de Goiânia e está trabalhando com vontade para conquistar adeptos à sua pré-candidatura, mas precisa primeiro conquistar o Governador. Mas quem entra também na briga é o deputado federal João Campos.

Outros possíveis candidatos

O secretário de Cidadania e Trabalho, Henrique Arantes (PTB), afirma que o seu partido terá candidato, mas com as últimas escândalos envolvendo o nome de seu pai, Jovair Arantes, o seu partido deve se manter só na base de aliança com o PSDB, DEM.

Outro que já fala como candidato é o deputado estadual Bruno Peixoto (PMDB) agitando a conturbada aliança PT-PMDB. E isso é um grande debate para o PMDB que vem se enfraquecendo desde a derrota de Iris para Marconi na disputa ao governo e a debandada de alguns peemedebistas para o governo marconista. O que se sabe é que se o partido de Iris bancar a reeleição de Paulo Garcia, os peemedebistas querem apoio irrestrito em 2014.

O recém criado PSD é hoje a segunda maior bancada na Assembleia Legislativa e tem três deputados federais, Vilmar Rocha, Thiago Peixoto e Armando Vergílio, e este último nome deverá ser o candidato do Partido à Prefeitura de Goiânia.

O PSB tem um nome forte, Júnior da Friboi (maior empresário do Brasil no ramo de proteína animal), mas as articulações em torno do seu nome será como candidato ao Governo de Goiás em 2014.

Alternativa

Este ano os eleitores terão uma alternativa forte, a deputada estadual Isaura Lemos, que retornou ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Além de simbolizar o aumento da representatividade da mulher na política, a deputada carrega a simpatia de movimentos sociais, principalmente da luta pela moradia e ainda é apontada como a mais influente da política de habitação de Goiás, além disso foi lembrada por eleitores goianienses em pesquisa espontânea. Entrando na disputa, Isaura se torna uma alternativa realmente de esquerda em Goiânia. Estes e outros fatores levam a crer que ela será o nome do PCdoB para as eleições à Prefeitura da capital de Goiás em 2012.

Fim das Coligações Proporcionais

Todo esse imbróglio de nomes na disputa e na composição de alianças para as eleições de 2012 terá outra dificuldade: o fim das coligações nas eleições proporcionais. Portanto, nas eleições de vereadores e ainda de deputados federais e estaduais, os partidos não vão poder mais somar votos para melhorar o desempenho de seus candidatos, o chamado quociente eleitoral, ou seja, cada partido deverá buscar individualmente eleger os seus candidatos.

O cenário político eleitoral na capital, assim como algumas cidades importantes no interior do estado não está bem definido. Há ainda muita água para rolar, ninguém quer se perder na busca pelo poder político.

* Pesquisa realizada com 501 eleitores pelo Instituto Serpes/O Popular entre os dias 24 e 26 de outubro, com margem de erro de 4,38 pontos porcentuais para mais ou para menos.

de Goiânia
Eliz Brandão, secretária de comunicação do PCdoB de Goiânia, para o Vermelho