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Com novo primeiro-ministro, Grécia se curva à direita

O novo primeiro-ministro da Grécia será Lucas Papademos, ex-vice-presidente do Banco Central do país. Depois de três jornadas de negociações, rumores e pactos efêmeros, os dois grandes partidos, o socialista Pasok, até então no governo, e a oposição, o partido direitista Nova Democracia, acordaram em nomear Lucas Papademos, ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) e ex-governador do Banco da Grécia.

Ele assume o cargo amanhã (11) e enfrentará como desafios a aprovação de um plano de austeridade que impõe novos sacrifícios à classe trabalhadora e a realização de eleições, que poderão acontecer em 19 de fevereiro de 2012. Paralelamente, Papademos, de 64 anos, deverá conduzir o governo provisório grego.

Nesta quinta-feira (10), Papademos em um pronunciamento afirmou: “não sou político. Todos devemos contribuir com o difícil processo de ajustar a economia”, disse. Ele revelou plena sintonia com os líderes da União Europeia ao afirmar que a prioridade é implantar o plano de arrocho fiscal aprovado no dia 26 de outubro, em Bruxelas.

A solução fortalece a direita e mantém a Grécia sob o tacão da chamada troica (FMI, Banco Central Europeu e União Europeia). Mas não vai aliviar a crise. A tendência é de deterioração do cenário econômico, com o aumento do desemprego e prolongamento de uma recessão que já ingressa no quarto ano consecutivo.

Falta conhecer o restante da composição do governo e a data das eleições antecipadas.

O vice-presidente do BCE apresentou como requisito para aceitar o cargo que os partidos assinassem formalmente o resgate, algo que também foi reclamado por Bruxelas, e um prazo flexível para o governo, ao invés de já fixar uma data para as eleições antecipadas.

A execução do plano de austeridade é uma exigência da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI). A dívida do setor público da Grécia chega a US$ 421 bilhões. O único objetivo do plano é dar suporte ao governo para garantir o pagamento da dívida, ou seja, assegurar o lucro dos bancos.

A contrapartida, embutida no ajuste fiscal, é a demissão de servidores e cortes nos salários e direitos. A redução dos gastos públicos é hoje a principal causa da recessão econômica e do desemprego em massa, que já castiga mais de 16% da população economicamente ativa.

Nos últimos meses, as principais cidades gregas foram palcos de várias manifestações população em protesto contra o plano de austeridade fiscal, que prevê ainda aumento de impostos e privatizações. O Brasil já conheceu “ajustes” parecidos na época da crise da dívida externa, quando a política econômica foi ditada pelo FMI. Os gregos, em geral, discordam das propostas que incluem cortes dos salários, demissões de funcionários públicos e reajustes de tarifas e impostos. Os protestos (já ocorreram 15 greves gerais no país desde 2010) vão continuar.

Da redação do Vermelho, com agências