Audiência debate manutenção do polo da UERGS em Cidreira

Na tarde desta segunda-feira (3), a manutenção do polo de ensino da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) em Cidreira foi tema de audiência pública no Parlamento gaúcho, promovida pela Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, no Espaço da Convergência da Assembleia.

uergs cidreira - marcos eiflers/al

O debate foi presidido pelo deputado Raul Carrion (PC do B), sendo que o requerimento foi aprovado a partir de sugestão do vereador de Cidreira, Matheus Junges Gomes. A solicitação das atas de 2011 do Conselho Universitário é um dos encaminhamentos definidos a partir da discussão de hoje na Assembleia Legislativa.

Para o vereador Matheus, é hora do governo do Estado entrar com recursos para melhorar a UERGS. Ele lembrou que a unidade de Cidreira foi uma conquista da comunidade, pelo orçamento participativo e Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede). Agora, complementou, há um movimento para retirá-la, com a informação de que haveria transporte para os alunos no caso da transferência do curso para outra cidade. Na opinião do parlamentar, qualquer movimento no sentido de mudar a sede do curso prestado na cidade deveria ser cessado até que haja esclarecimento sobre posicionamentos e informações prestadas.

O prefeito de Cidreira, Roberto César Pires Camargo, reforçou o apoio à manutenção da unidade da UERGS no município, mencionando que foram feitos investimentos na estrutura física conforme proposto, dentro das possibilidades existentes. “Esta é uma luta da comunidade de Cidreira. Estamos lutando pelo que é de direito. Que a UERGS não só permaneça, mas receba recursos”, afirmou Camargo.

Na opinião do prefeito de Osório, Romildo Bolzan, o tema deve ser analisado tendo em vista o contexto regional, havendo necessidade de ampliação de cursos de graduação na região. Comentou que há espaço para todos, lembrando dos cursos oferecidos também na rede privada. “Propomos que o Litoral Norte avance em termos de cursos públicos. Podemos fazer isto em conjunto”, propôs Bolzan.

Na opinião do presidente da Câmara de Vereadores, Cláudio da Silva Cardoso, não se trata de disputa política, mas de manutenção da UERGS na cidade, onde está consolidada e teve apoio do município para ter sua estrutura física.

Reitoria
Conforme o pró-reitor Marc Richter, nunca se falou em fechar a UERGS na cidade, sendo que o movimento causador deste debate começou devido às dificuldades para manter o curso de Biologia Marinha, disponibilizado em conjunto com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Richter apresentou fotografias do prédio onde funciona a universidade, com necessidade de melhorias.

O pró-reitor acrescentou que a meta é crescer e há previsão de aumento orçamentário para 2012. “Não é a Reitoria que abre ou fecha cursos. Quem define algo é o Conselho Superior. Realmente deveria haver mais recursos do Estado”. Por fim, ponderou o pró-reitor, não se trata de disputa de duas cidades, mas de uma realidade a ser pensada tendo em vista a região, com um olhar que leve em conta outras possibilidades.

O diretor regional da UERGS, professor João Alifantes, reforçou a opinião de que esta universidade foi criada visando ao desenvolvimento regional.

Comunidade
“Por parte da comunidade, não faltará esforço para que a UERGS permaneça lá, porque a gente sabe da importância e da luta que foi para conquistá-la”, ressaltou o representante da União das Associações de Moradores de Cidreira, Aristoclides Vieira dos Santos. Para o líder da comunidade, o valor do curso é enorme diante das dificuldades existentes para acesso à faculdade.

O presidente do Diretório Acadêmico da Pedagogia da UERGS Cidreira, Fábio Assis Darski, ressaltou o interesse dos estudantes em mais projetos sociais para Cidreira. “Osório já tem faculdades em volta”, ponderou. Defendeu a criação de mais cursos na cidade onde está funcionando a UERGSs, como na área de turismo e administração.

Na opinião da representante da Casa de Cultura do Litoral, Lisiane Barbosa, antes de falar em expandir, é preciso falar em fortalecer a UERGS. Ela defendeu respeito pela luta democrática da comunidade a favor do curso. Já o presidente do Diretório Acadêmico do curso de Biologia Marinha, Nicholas Daudt, entende que o ensino superior deve estar em locais em que existe maior quantidade de estudantes secundaristas a ser absorvida.

Encaminhamentos
Na condução da audiência, Carrion propôs como encaminhamentos a análise das atas deste ano do Conselho Universitário da UERGS para haver informação sobre como o tema está sendo visto internamente; e o agendamento de reunião com o governo do Estado. Além disto, Carrion propôs a criação de um grupo de trabalho (GT), questão que ficou para posterior deliberação após ser levada à Reitoria da instituição e Conselho. O deputado frisou que a criação de um GT para dialogar não tira a autonomia da universidade.

Diante das exposições a favor e contra a manutenção do curso em Cidreira, o deputado chamou a atenção para a importância da discussão ser levada também ao Conselho Regional de Desenvolvimento. A audiência revelou um nível grande de tensão entre os participantes favoráveis e contrários à manutenção da UERGS em Cidreira.

Participaram também vereadores e outras autoridades; representante da União Nacional dos Estudantes e da Comissão Pró-Uergs Cidreira, bem como vários líderes comunitários.
 
Com informações,
Agência ALERS