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Interesses chineses na América Latina se diversificam

A demanda chinesa por commodities continua pautando as relações com o Brasil e a América Latina, mas cresce o interesse do país asiático por projetos industriais e agrícolas e por outros países. Essa é uma das conclusões do Fórum de Investidores China-América Latina, iniciado ontem em Pequim.

"No ano passado, o Brasil representava mais da metade da atenção. Neste ano, é um pouco menos", afirma o britânico Christopher Garnett, presidente da LatinFinance, empresa que organiza o evento. Apesar do interesse mais diversificado, o Brasil continua sendo o mais citado nos painéis de debates.

Questionado sobre outras diferenças com relação ao ano passado, Garnett afirma que há uma preocupação menor do lado chinês pela estabilidade política e mais discussões sobre manufaturas e investimentos "no sentido verdadeiro, mais cooperativo, em vez de só comprar". "Mas recursos naturais ainda são o tema principal. O Brasil continua sendo visto com uma mina, e a Argentina, como uma fazenda", afirma o britânico.

Em linha semelhante, James Quigley, vice-presidente do Bank of America Merrill Lynch International, disse que "a China vê investimento em commodities e em agricultura como um direito humano. E assim é".

Sobre a participação chinesa em projetos de infraestrutura, Garnett afirma que a demora na assinatura de acordos é natural. "Em projetos desse tipo, é inocência pensar que o ritmo pode ser mais rápido", afirma.

Um exemplo de empresa interessada em investir em manufatura no Brasil é a estatal ZPMC, principal fabricante mundial de equipamentos para portos, além de atuar em outras áreas, como plataformas de petróleo.

De olho no pré-sal, a subsidiária da construtora estatal CCCC, a maior da China, abrirá um escritório no Rio e procura parceiros locais.

Segundo a gerente de vendas Karenyna Weiss, que volta em breve para trabalhar no Rio, a ZPMC negocia parcerias com Odebrecht e Queiroz Galvão, entre outras empresas. Ela não soube dizer o valor do investimento.

Com cerca de 500 participantes, o evento teve praticamente o mesmo número de inscritos do ano passado. Entre as empresas presentes estão Bradesco, Vale, Camargo Corrêa e Itaú.

Fonte: A Voz da Rússia