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Turquia rompe relações militares e industriais com Israel

O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou nesta terça-feira (6) a suspensão total dos laços comerciais e militares com Israel, depois de reduzir o status das relações diplomáticas com o país.

"Laços comerciais, laços militares, relativos à indústria de defesa, nós estamos suspendendo-os completamente. Este processo vai ser seguido de diferentes medidas", disse Erdogan a repórteres em Ancara.

As novas medidas são tomadas poucos dias depois de a Turquia lançar uma série de ações para penalizar Israel por sua recusa em se desculpar pela operação criminosa do país sionista contra uma frota humanitária em 31 de maio de 2010 que tentava furar o bloqueio à Faixa de Gaza. A ação de Israel deixou nove ativistas turcos mortos.

Mais cedo, o chefe militar de Israel, Amos Gilad havia dito que os laços militares com a Turquia, uma importante parceira de Israel na região, ainda estavam em vigor.

Nesta semana, o chefe do Banco Central de Israel, Stanley Fischer, alertou contra as consequências econômicas de uma prolongada disputa com a Turquia, dizendo que a economia do país supera em muito a de Israel e cresce muito rápido.

"A economia turca está crescendo em um passo excepcional. Eles têm grandes empreendedores e uma força de trabalho treinada na Europa. A Turquia será um grande mercado na região e um grande exportador. As consequências de não ter relações comerciais com a Turquia serão custosas", disse.

Relatório da ONU

Na quinta-feira passada (1º), a ONU divulgou seu relatório sobre o incidente, no qual considera legal o bloqueio marítimo à Faixa de Gaza que motivou a expedição solidária, embora acuse Israel de uso excessivo de força.

O barco Mavi Marmara fazia parte de uma flotilha ativista que levava ajuda humanitária a Gaza quando foi abordado por fuzileiros navais israelenses em alto mar, no Mediterrâneo, em 31 de maio de 2010. Os marines mataram a tiros nove turcos, incluindo um cidadão turco-americano, durante um combate a bordo.

Desde o ataque, as relações entre a Turquia e Israel permaneciam congeladas, embora nos últimos meses tenham acontecido contatos em segredo para tentar pôr fim à tensão.
A análise da ONU exorta Israel a emitir "uma declaração adequada de pesar" pelo ataque e estabelece o pagamento de uma indenização às famílias dos oito turcos e do americano de origem turca que morreram na operação, assim como aos feridos.

O relatório, no entanto, também diz que o bloqueio marítimo de Israel à região da Faixa de Gaza está dentro das normas do direito internacional, o que preocupa o governo turco, que defende a total liberdade de navegação no Mediterrâneo.

A Turquia julga o relatório "nulo e sem valor", segundo o presidente do país, Abdulá Gül. O Hamas -movimento islâmico que governa a faixa de Gaza desde 2007- considerou que o documento foi "injusto e desequilibrado", declarou na quinta-feira um porta-voz do movimento palestino em Gaza.

Além de discordarem da análise da ONU, que em sua opinião deveria ter culpado de maneira mais rígida o governo israelense, os turcos resolveram diminuir as relações diplomáticas com Israel em função do pedido de desculpas formais exigido ainda no ano passado, que nunca foi atendido pelo Estado sionista.

Expulsão de embaixador

Na sexta-feira (2), o chanceler turco Ahmet Davutoglu anunciou a expulsão do embaixador israelense em Ancara e suspendeu todos os acordos militares com Israel. O país era o aliado muçulmano do Ocidente com melhores relações com Israel e pressionava o país para que pedisse desculpas pelo incidente.

Segundo Davutoglu, Israel não atendeu às demandas turcas sobre o ataque no ano passado contra uma frota que se dirigia para Gaza.

"Neste momento, as medidas que tomamos são: as relações entre a Turquia e Israel ficam reduzidas ao nível de segundo secretário. Todos os funcionários com grau superior a segundo secretário, em primeiro lugar o embaixador, devem regressar a seu país no mais tardar na quarta-feira", afirmou o ministro à imprensa.

Com agências