Aldo Rebelo discute Código Florestal em Maceió

A convite da direção estadual do PCdoB de Alagoas, na noite da última quinta-feira, 18/08, o deputado federal do PCdoB por São Paulo, Aldo Rebelo, proferiu palestra em Maceió, na Faculdade Maurício de Nassau, sobre o tema “A Questão Nacional e o Código Florestal”.

Alagoas

Com grande repercussão na imprensa alagoana, o deputado Aldo Rebelo falou para uma plateia lotada, no auditório da Faculdade Maurício de Nassau, acompanhado ainda por meio de transmissão ao vivo para mais duas outras salas na Faculdade, para um total de cerca de 400 pessoas, dentre estudantes, professores, prefeitos, lideranças, militantes do PCdoB, amigos e membros em geral da sociedade alagoana.

Compuseram a mesa, além do deputado Aldo Rebelo, o presidente estadual do PCdoB-AL, Eduardo Bomfim, e, representando a Faculdade Maurício de Nassau, Diego Carvalho, Coordenador do Núcleo de Prática Jurídica.

Foram registradas as presenças dos prefeitos de Satuba, Cícero Titor, de Paulo Jacinto, Marcos de Almeida, de Piranhas, Mellina Torres, do vice-prefeito de Marechal Deodoro, Dr. Petrúcio, do ex-prefeito de Chã Preta, Klinger Teixeira, do reitor da Universidade do Estado de Alagoas, Jairo da Costa, do vereador do PCdoB em Maceió, Marcelo Malta, do dirigente nacional do PCdoB, Sérgio Barroso, do representante da Escola Superior de Advocacia da OAB/AL, Ronie Teixeira, dos professores Radjalma Cavalcante e Alba Correia, das presidente e vice do PCdoB de Maceió, Mirelly Câmara e Cláudia Petuba e do ator e artista Paulo Poeta.

Aldo Rebelo iniciou sua palestra destacando a dificuldade de se estabelecer um pacto nacional num país de mais de oito milhões de Km² e mais de 200 milhões de almas. Lembrou a surpresa que lhe causou o acirramento dos debates em torno da discussão do projeto de lei, o que, segundo ele, nunca vira no Congresso.

Afirmou que já está há vinte anos na Casa onde já debateu de tudo. Mas, disse ele, “desta vez fiquei me perguntando: o que é que houve?” A ofensiva na imprensa e de ONGs internacionais, o Jornal Nacional discutiu o assunto por cinco dias, a Folha de São Paulo publicou anúncio de página inteira contra o projeto do Novo Código. No mundo não há reserva florestal pública como no Brasil, que é regida por outra lei … Por que o Brasil é acusado de ser um país que devasta enquanto tem 60% de sua cobertura original? Segundo o deputado, mata ciliar e reserva legal são importantes mas não é por essa razão que o debate se deu de forma tão violenta. “No fundo estamos debatendo se o Brasil tem o direito de decidir como usufruir de seu solo, subsolo, de forma soberana e sustentável, ou subordinado a interesses que não são os nossos”, disse.

O deputado destacou que o debate está se dando contra a agricultura do Brasil, como uma arma comercial. Citou dados estatísticos e históricos, fez comparações de conjunturas e de políticas agrícolas entre o Brasil, Estados Unidos e os países europeus e criticou a manipulação de bandeiras legítimas, temas universais, como o meio ambiente e direitos humanos, a serviço dos interesses de controle das matérias primas: “Em nome dos direitos humanos se busca petróleo e se escolhe em que país se vai derrubar o governo. Bombardeia-se um abrigo, matando mulheres e crianças e, depois, diz que foi um erro, se pede desculpas e continua, como se nada tivesse acontecido”.

Aldo Rebelo lembrou que sempre fez parte da Comissão de Relações Exteriores da Câmara onde tem convivido com a forma como os Estados Unidos e os países europeus protegem sua agricultura. “Livre comércio existe para produtos industrializados: carros, computadores … Para produtos agrícolas tudo é na base de cotas”. Destacou que esses países vêm transferindo as indústrias para a Ásia e que a produção agropecuária é muito importante para eles, em especial para os EUA, maior produtor mundial. Por isso financiam ONGs para atuarem no Brasil: “fazendas aqui, florestas lá”, conforme documento norte-americano.

Destacou que a agricultura traz danos, que toda atividade humana gera conflitos e que decisões têm que ser tomadas, levando em conta se o benefício gerado para a população é maior que o dano causado. “Vamos voltar ao neolítico?”, questionou.

Aldo Rebelo encerrou afirmando que construir não é uma tarefa fácil, exige esforço intelectual, destacando que já temos as bases desde 1822, uma base industrial forte e diversificada, a principal empresa de pesquisa agropecuária do mundo, a Embrapa. Disse que o mundo não superou o conflito entre as nações e seus projetos nacionais, e que há países que pretendem manter a hegemonia sobre as outras nações. Afirmou que, sem bravata, temos de cuidar dos interesses do povo e não deixar o legado de um país colonizado, destacando a premência e atualidade da batalha de ideias na construção política, econômica e social do país.

Durante o debate aberto ao público manifestou-se o presidente da Sociedade de Engenheiros Agrônomos de Alagoas e vice-presidente da Confaeab – Confederação das Associações de Engenheiros Agrônomos do Brasil, José Gomes Fragoso, afirmando que houve uma grande subscrição de seus membros em apoio ao relatório do Novo Código Florestal.

Dentre outras manifestações, o professor Radjalma Cavalcante parabenizou o deputado pelo enfrentamento do debate, afirmando que vem acompanhando as discussões transmitidas ao vivo pela TV.

O deputado Aldo Rebelo salientou ainda que há muito a ser feito pelos especialistas em meio ambiente, na orientação dos agricultores para o uso das mais adequadas técnicas de produção para a preservação de nossos recursos naturais.

De Maceió, Selma Villela.