Dia Mundial do Orgulho LGBTT comemorado na Assembléia Paulista

Para comemorar o Dia Mundial do Orgulho LGBTT, a deputada Leci Brandão coordenou nesta terça-feira, 28/6, ato solene no auditório Paulo Kobayashi da Assembleia Legislativa de São Paulo. "Durante meus 36 anos de  vida artística, sempre lutei a favor de todas as minorias e agora, enquanto deputada, fiz questão de homenagear esses cidadãos e cidadãs que fazem parte da sociedade brasileira. Muita gente às vezes se esquece que o segmento LGBTT também faz parte das pessoas humanas".

Dia mundial do Orgulho LGBTT - Assembleia Legislativa

Políticos, autoridades e ativistas dos segmentos LGBTT marcaram presença no evento, que lotou o auditório, e falaram sobre a importância da data, que remete a 28/6/1969, quando homossexuais de Nova York, cansados de apanhar da polícia, que toda noite invadia seus espaços de lazer, reagiram e ganharam a batalha contra a prepotência policial. Nos anos seguintes, os homossexuais do mundo inteiro adotaram 28 de junho como o Dia de Orgulho Gay.
A senadora Marinor Brito (PSOL-PA), que faz parte da Comissão de Direitos Humanos no Senado, disse que não poderia de deixar de atender ao convite da deputada Leci Brandão, que vem desenvolvendo uma política irretocável na luta pelos direitos humanos numa cidade que dá exemplo para o mundo, não só porque realiza uma das maiores paradas LGBTT no mundo, mas porque tem tentado democratizar o debate sobre essa questão. A senadora falou que é "inadmissível que em pleno século 21 a gente tenha que conviver com a intolerância, seja religiosa, seja racial, seja o preconceito contra idosos. É preciso que a democracia avance neste país e não tem como avançar quando cidadãos de bem tem seus direitos violados, são submetidos a constrangimentos, a violências físicas e, muitas vezes, assassinados.

Avanços e retrocessos

O deputado Carlos Gianazzi (PSOL) analisou possíveis avanços que os movimentos contra a homofobia vêm conquistando: "Tem havido avanços e recuos. Aqui na Casa, houve avanços, porque conseguimos aprovar neste ano o projeto de lei que institui o Dia Estadual de Luta Contra a Homofobia, que é o dia 17 de maio. Houve avanço também no Supremo Tribunal Federal, que reconheceu a união estável de homossexuais, mas, ao mesmo tempo, houve retrocesso no governo Federal, quando voltou atrás e recolheu o kit anti-homofobia, que é um material pedagógico, didático, que tem o aval da Unesco, mas por conta da pressão de parlamentares conservadores, a presidente Dilma voltou atrás, retrocedeu. Isso é muito grave. Outro retrocesso foi a marcha de 15 mil evangélicos contra o PLC 122 (a chamada Lei Contra a Homofobia) em Brasília. Avançamos de um lado mas temos um setor atrasado, medieval, da sociedade, que faz retroceder. Mas o fato de existir uma solenidade na Assembleia Legislativa comemorando a luta contra a homofobia e defendendo a diversidade, é certamente um avanço".
Para Franco Reinaldo, coordenador de Assuntos da Diversidade Sexual da prefeitura municipal de São Paulo, comemorar o Dia do Orgulho LGBTT é fundamental pra a construção de uma sociedade igualitária, com direitos iguais para heterossexuais, homossexuais, travestis, transgêneros e bissexuais. Reinaldo falou ainda da função da coordenadoria em que atua, que é implementar políticas públicas para a população LGBTT, focando essas políticas principalmente para a população de alta vulnerabilidade. É o caso do POT (Programa Operação Trabalho), que oferece bolsa de estudos para que travestis e transexuais possam voltar a estudar e, assim, conseguir uma recolocação no mercado de trabalho. Franco Reinaldo citou ainda o Centro de Controle de Homofobia, que mapeou os pontos em que aconteceram ataques homofóbicos e, através desses estudos, a Polícia Militar pode traçar uma estratégia de segurança.

Sem discriminação e sem violência

Irina Bacci falou que o evento deste ano é especial porque depois da decisão do STF, em 5 de maio, "somente hoje a gente teve os dois primeiros casamentos homossexuais realizados no Brasil, um em Jacareí e outro em Brasília, um casal de gays (José Sérgio e Luiz André Souza Moresi, presentes ao evento), e também um casal de lésbicas, que conseguiram converter a sua união estável em casamento. Além de ser um dia de orgulho, é também o de comemoração, porque a gente começa a ter a cidadania reconhecida. E mais do que qualquer outra coisa, o que a gente quer é vivenciar aquilo que somos, sem discriminação e sem violência". O casal
O Grupo de Pais de Homossexuais (GPH) tem dois projetos: O Amor Vence, para pais de homossexuais, e o Projeto Purpurina, para jovens adolescentes LGBTT de 13 a 24 anos. Quem fala desses projetos é Edith Modesto, uma das homenageadas da noite pela sua atuação à frente do GPH. "Pais heterossexuais que ainda não aceitam seus filhos não comparecem aos eventos voltados para o segmento LGBTT. Estão todos no armário. Os filhos já saíram, mas os pais ainda não". Edith contou que a recente decisão do STF contagiou "os meninos, que estão numa alegria só. No próximo encontro, no domingo que vem, o tema a ser discutido no Projeto Purpurina será sobre os direitos humanos e lá eles vão discutir sobre essa decisão do Supremo e o avanço que ela representa".
Também foram homenageados com placas comemorativas o Ecos Comunicação em Sexualidade, Cláudia Wonder (in memoriam) e a drag queen Rosa do Quênia.
Também compuseram a Mesa coordenadora do evento o deputado Adriano Diogo (PT), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, a defensora pública Maira Coraci Diniz, a coordenadora estadual de políticas para a diversidade sexual, Heloísa Cidrin Gama Alves e Bruna Valim do Fórum de Paulista de Travestis e Transexuais. Os deputados Pedro Bigardi (PCdoB) e Cauê Macris (PSDB), bem como os vereadores Jamil Murad e Netinho de Paula, fizeram questão de cumprimentar a deputada Leci Brandão pela iniciativa.