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Estudo secreto sobre guerra do Vietnã é divulgado 40 anos depois

Quatro décadas após o início do escândalo, o governo dos Estados Unidos divulgou nesta segunda-feira (13) a íntegra dos "Pentagon Papers". As informações desarquivadas fazem parte de um estudo ordenado em 1967 pelo secretário de Defesa, Robert McNamara.

O documento é um estudo secreto sobre a Guerra do Vietnã que ajudou a mudar o curso da ação americana ao ser vazado para a imprensa em 1971. São 48 caixas com cerca de 7 mil páginas de texto que acabam de ser disponibilizadas na internet (www.archives.gov/research/pentagon-papers), que mostram o desempenho de diferentes agências como a CIA, o Pentágono e o departamento de Estado durante a guerra e como a agressão foi planificada antecipadamente.

Segundo o governo, aproximadamente 34% do conteúdo é inédito, incluindo detalhes sobre negociações de paz e material de referência. Os papéis do Pentágono revelaram um padrão de mentiras dos presidentes John Kennedy (1961-63), Lyndon Johnson (1963-69) e outros que secretamente aumentaram o conflito no Vietnã enquanto garantiam ao público que os EUA não queriam uma guerra mais ampla.

Sua divulgação, iniciada em 13 de junho de 1971 no "New York Times", ajudou a aumentar a pressão pública contra a guerra e resultou em uma decisão histórica da Suprema Corte dos EUA a favor da liberdade de expressão. Segundo informações do "The Washington Post", os textos mostram que os líderes norte-americanos diziam uma coisa em público, mas às portas fechadas pensavam algo completamente diferente.

A análise completa do material tomará tempo, mas há pouca expectativa de novas revelações bombásticas. Antes do aniversário da publicação do estudo, ele voltará a receber atenção devido a comparações com a divulgação de materiais secretos do governo pelo site WikiLeaks.
Daniel Ellsberg, responsável pelo vazamento dos Papéis do Pentágono classificou como "absurda" a demora de quatro décadas. Para ele, o estudo nunca deveria ter sido confidencial.

"As razões para isso foram de política doméstica, não por segurança nacional. O segredo prolongado visa esconder o fato de que porções tão grandes da criação de políticas não aguentam o escrutínio público", afirmou.

Da Redação, com agências