Por que o espanto?

O Movimento Estudantil (ME) vive espantando gente. Some por uns tempos e de repente surpreende. Ele é sazonal por natureza. É feito por gerações que se sucedem rapidamente. É uma tradição que no Brasil vem desde a primeira metade do século XX.

Se bem que nossa história é pontuada por figuras estudantis em todos os seus grandes momentos. Da independência em 1822, da luta abolicionista e republicana, até a revolução de 1930. Mas o ME só se institucionaliza em 1937, com a UNE, entidade universitária. Depois os secundaristas criam a Ubes. As duas estão ramificadas em milhares de entidades estaduais, municipais e escolares. Embora o ME tenha vida permanente, nós nos acostumamos a vê-lo somente quando as ruas são tomadas. Daí a impressão de que ele nasce, morre e renasce.

No Espírito Santo o ME não foge à tradição. Aliás, o ME sempre serviu para lincar questões nacionais e regionais. Muitas lutas nacionais incorporaram os capixabas via ME. Assim foi, por exemplo, na época do regime militar. Coisas típicas de estudantes daquele tempo, como reuniões dentro e fora das escolas, manifestações, passeatas, protestos e até mesmo envolvimento em luta armada, não ficaram como algo estranho aos capixabas. Enfim, quantas bandeiras de boas causas chegaram ao estado através do ME? Depois de mais de 70 anos de experiência, é possível perceber algumas características do ME. Amor à liberdade e à justiça, à coragem e à combatividade, à irreverência e à criatividade – qualidades marcantes que forjaram destacados políticos estaduais, inclusive os dois últimos governadores.

A reivindicação do Passe Livre é nacional e não surgiu por acaso. É importante para permanência do estudante na escola. Sobretudo agora, quando a questão da Educação é transformada numa unanimidade nacional. Governos falam em priorizar a Educação, bem como a imprensa e os formadores de opinião. Empresários reclamam da falta mão-de-obra qualificada. A falação é geral. Então, apareceu o fabuloso pré-sal? O ME quer 50% dos recursos gerados para a Educação. O PIB brasileiro é o 7º do mundo? O ME quer 10% dele para a Educação. E quer o Passe Livre também, ora.

Vereador Namy Chequer (PCdoB)