Dinho: Tombaste em pleno período das “liberdades democráticas“

Artigo do presidente do PCdoB Manaus, Anderson Souza

Não conheci pessoalmente o companheiro Dinho. Ouvi falar muito dele pelos companheiros que trabalham na SEPROR e pelos companheiros que atuam no movimento de trabalhadores rurais. Uma coisa é certa: o respeito e admiração que todos demonstravam pelo Dinho eram e são enormes.

Considero seu assassinato uma tragédia pessoal, social e política. A família perde o pai, os agricultores rurais perdem uma liderança, o PCdoB perde um dirigente destacado e combativo e Dinho perdeu sua vida. Algumas reflexões sobre o papel do Estado e as políticas de governo para segurança devem ser feitas. Afinal, por diversas vezes, nosso camarada pediu socorro e não foi ouvido. Ultimamente era perseguido aonde ia por quem o ameaçava. Até que na última sexta-feira, a ameaça foi cumprida, infelizmente.

Até quando iremos chorar o assassinato do nosso povo, pelo simples fato, do mesmo desejar ter sua terra e dela tirar seu sustento? Que estado de direito é esse? Para o Estado de direito, a “liberdade” plena existe somente para os poderosos, para os que detêm recursos financeiros. Esses, sim, têm liberdade de matar e calar a voz de homens e mulheres lutadores do campo e da cidade. Se fosse o contrário, se um trabalhador ameaçasse e assassinasse um fazendeiro ou um madeireiro talvez a reação fosse outra. A mídia, as autoridades de segurança e o governo se mobilizariam em dobro. Talvez o crime fosse evitado.

Na sociedade capitalista, os humildes e trabalhadores são os que não gozam de liberdade. São aqueles como Dinho, que foi privado de sua vida, de lutar pelo que é justo. Pasme, esse Estado é o mesmo Estado de Direito que deveria estar ao lado de Dinho, de lhe proteger.

Por isso, mais do que nunca, o PCdoB deve persistir em seu projeto de transformação social e ruptura com esses estados de coisas. Devemos honrar pela memória de Dinho e de muitos outros e seguir firmes na luta. Vá em paz, camarada!!!