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Agiota carioca tortura e mata operário por empréstimo de R$ 20

O espírito mesquinho da usura, retratado por Shakespeare na peça O mercador de Veneza, promoveu mais uma tragédia na Baixada Fluminense, onde um agiota assassinou com vários tiros um servente de pedreiro que contraiu um empréstimo de R$ 20,00 e, em seis meses, graças ao “milagre” dos juros compostos, se transformou numa dívida de R$ 1.800,00.

Policiais da Delegacia de Queimados (55ª DP), na Baixada Fluminense, prenderam o agiota no final da tarde de segunda-feira (30). Ele torturou e assassinou com vários tiros o pobre operário que, em apuro financeiro, fez um empréstimo de R$ 20,00 no ano passado.

Juros compostos

Provavelmente inspirado pelo sistema financeiro nacional, o agiota assassino já cobrava R$ 1.800,00 pelo empréstimo. Parte da dívida, multiplicada pela capitalização dos juros compostos, foi paga pela mãe da vítima, que ainda assim não conseguiu evitar o covarde assassinato do filho.

Antes de praticar o crime, o credor torturou o devedor, usando um martelo para quebrar os seus dedos, o que deixou o operário inabilitado para o trabalho. Além disso, os policiais da 55ª DP, durante as investigações, descobriram que outras pessoas no município de Queimados foram ameaçadas pelo agiota, que aparentemente organizou uma quadrilha para praticar seus crimes.

Shaskespeare

A tragédia lembra a peça do dramaturgo inglês, que tem por personagem Shylock, um agiota judeu que empresta dinheiro a seu rival cristão, Antônio, colocando como fiança uma libra da carne do devedor. Quando este, após se ver falido, não consegue pagar o empréstimo, Shylock exige a libra de carne.

Tendo em vista que o Brasil é campeão mundial dos juros altos, não é de estranhar que se destaque na perversa arte da agiotagem. O espírito que guiou as mãos frias do assassino carioca é o mesmo que orienta a política de juros dos bancos, nacionais ou estrangeiros, que atuam no país.

Da Redação, com agências