42 camponeses ameaçados de morte foram assassinados em 11 anos
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) informou que, entre 2000 e 2011, 42 camponeses que foram ameaçados de morte vieram a ser assassinados. Anualmente, a CPT divulga relatórios que apontam os camponeses que receberam ameaças de morte no ano anterior.
Publicado 30/05/2011 19:23
Na década passada, agricultores receberam 1.855 ameaças de morte ao todo. Do total, 207 foram ameaçados duas ou mais vezes. Destes, 42 foram mortos e outros 30 sofreram tentativas de assassinato. Só no Pará ocorreram dezesseis mortes, o campeão em violência no campo. Em segundo aparece o Mato Grosso, com oito mortes (veja a lista no final do texto).
A lista deste ano, divulgada em abril, aponta que 125 pessoas, entre ambientalistas, camponeses e lideranças sindicais do campo sofreram ameaças de morte em 2010. Os Estados do Pará e do Amazonas são os campeões de ameças, com 30 registros cada. O Maranhão vem na sequência, com 37 ocorrências de ameaças – clique aqui para ver a lista em PDF.
Ainda segundo a CPT, ocorreram 401 assassinatos no campo entre 2000 e 2010.
Onda de mortes
Três dos quatro camponeses mortos na semana passada estão entre os que foram ameaçados mais de uma vez entre 2000 e 2010.
O casal de castanheiros José Cláudio Ribeiro da Silva, 52, e Maria do Espírito Santo da Silva, 50, executados na terça-feira (24) em Nova Ipixuna (PA), estavam na lista dos ameaçados de morte divulgada neste ano, referente a ameaças sofridas em 2010. Os nomes dos dois também apareceram nas listas de 2004, 2005 e 2010. José Cláudio ainda aparece sozinho nos relatórios de 2001, 2002 e 2009.
Agricultor anunciou que poderia morrer
Durante uma conferência realizada em novembro de 2010, José Cláudio afirmou que recebia ameaças de morte e que poderia ser morto a qualquer momento.
Também foi morto em Nova Ipixuna o agricultor Eremilton Pereira dos Santos, 25, cujo corpo foi encontrado nesse domingo (29) no mesmo assentamento onde o casal Silva residia. A polícia investiga se há relação entre os crimes.
Já Adelino Ramos, o Dinho, liderança do Movimento Camponês Corumbiara (MCC), morto na sexta-feira (67) em enquanto vendia verduras no distrito de Vista Alegre do Abunã, em Porto Velho, figurou na lista de 2008 e em edições anteriores.
Dinho foi um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara ocorrido em agosto de 1995, no qual pelo menos 12 pessoas, entre elas crianças, morreram nas mãos de pistoleiros e policiais militares. Assim como o casal Silva, o líder do MCC denunciava a ação de madeireiros ilegais que atuavam nas divisas dos Estados de Rondônia, Acre e Amazonas.
Com agências