Especialistas debatem uso de expressões estrangeiras

A segunda edição do fórum O Governo Escuta reuniu especialistas, na manhã desta quarta-feira (11), em um debate a respeito da utilização de expressões estrangeiras na Língua Portuguesa.

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O governador Tarso Genro acompanhou o encontro que teve transmissão online e participação do público através da internet. Nos próximos dias, o Governo deverá anunciar o parecer sobre o projeto de lei, de autoria do deputado Raul Carrion, que obriga a tradução de termos estrangeiros para o português.

O debate permitiu ao Governo conhecer diferentes pontos de vista sobre a questão do estrangeirismo, sem restringir-se ao projeto em si. Em sua fala, Carrion elogiou a iniciativa do Governo de retomar a discussão séria sobre o tema. O deputado lembrou que o projeto não se aplica à linguagem falada, nomes próprios e nem proíbe uso de estrangeirismos, desde que traduzidos. "Não é só defesa da língua, é o direito do consumidor compreender os anúncios", afirmou Carrion. 

presidente da Associação Riograndense de Propaganda, Daniel Skowronski, defendeu a utilização de expressões estrangeiras na área da publicidade, dizendo que, em muitos casos, deve-se à necessidade de apresentação de produto ou categoria, "não obrigatoriamente com o intuito de que a mensagem seja passada em outro idioma". Por outro lado, o jornalista e escritor Juremir Machado da Silva citou o exemplo da França na defesa do seu idioma e disse que todas as palavras são, sim, traduzíveis. "Por quê no Português se qualifica como ridículo e em outros idiomas não?", questionou Juremir.

Os professores convergiram na necessidade de qualificação da compreensão e ensino da língua. A educadora Eda Pilla, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), disse que "nós, brasileiros, somos os responsáveis tanto pela expansão quanto pela extinção da nossa língua, aí compreendida quanto à incorporação de expressões advindas de outros idiomas". Já Marisa Smith, da PUCRS, explicou a impossibilidade de que se fale uma língua pura e de que a adoção de estrangeirismos não é fenômeno recente. "Porém a defesa de nosso idioma se justifica não por temer a soberania, mas por uma questão de educação", alertou.

Tanto os professores Pedro Garcez, como Ana Maria Zilles, defenderam a promoção da Língua Portuguesa, porém relativizaram o impacto dos estrangeirismos. "As palavras viajam de uma língua à outra, e acabam sendo incorporadas", disse Zilles. O autor do projeto de lei, deputado Raul Carrion, fez uma breve exposição, reforçando seus argumentos em defesa da proposta, citando legislações semelhantes em países como Canadá, Estados Unidos e Espanha.

Ao final do encontro, Tarso Genro elogiou a qualidade do debate que amplia o conhecimento do Governo para elaboração do parecer acerca do projeto de lei, destacando que fóruns como O Governo Escuta deverão ser promovidos com frequência, sempre em relação a temas de natureza polêmica e que tenham repercussão na sociedade.

Isabela Soares com
informações Palácio Piratini