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Catar realiza debate sobre causas e caminhos das revoltas árabes

Especialistas de cinco continentes iniciam nesta segunda-feira (9) em Doha, Catar, uma análise multissetorial das revoltas populares em países árabes convencidos de que constituem mudanças sem precedentes, embora ainda se debatam entre a reforma e o caos.

O 11º Fórum de Doha intitula-se “Transição para o caos ou a reforma?”, que a partir desta segunda-feira e durante três dias discutirá os fatores que desencadearam e os caminhos das revoltas que nesta região são indistintamente definidas como Revolução ou Primavera Árabe.

O amálgama de análises políticas, sociológicas, econômicos, culturais, com visões às vezes contrastantes entre a academia e as ruas, começa com uma olhada incisiva sobre o cenário mundial destes dias e as transformações no Oriente Médio.

Inaugurado pelo primeiro-ministro e chanceler do Catar, o sheik Hamad Bin Jassim Bin Jabr Al Thani, e o príncipe herdeiro, Tamim Bin Hamad Al Thani, o evento reúne políticos, ex-governantes, cientistas sociais e jornalistas da América, Europa, África e Ásia.

Organizadores disseram à reportagem da Prensa Latina que a acadêmica mexicana Gina Diez Barroso, da Universidade do Centro, é uma das conferencistas da sessão inaugural que se centrará no papel da arte e da tecnologia a serviço do desenvolvimento.

Junto a ela participam Michaelle Jean, enviada especial da Unesco para o Haiti, e o cantor dessa nação caribenha, Wyclef Jean, para abordar a diplomacia cultural e seu impacto nas relações internacionais.

O painel discutirá o papel da mídia nas revoluções populares e as mudanças políticas, devido ao manejo diferenciado na imprensa ocidental e na dos próprios países árabes das realidades do Egito, Tunísia, Líbia, Síria e Bahrein.

Um tópico que suscita particular debate é o relativo à organização e à luta na internet e a tecnologia como ferramenta para a comunicação entre o povo e a promoção da paz mundial, tomando em conta seu peso nas mobilizações.

Jovens e administradores de redes sociais foram determinantes na convocação de protestos antigovernamentais que se iniciaram em finais de 2010 na Tunísia, continuaram no Egito, os dois casos em que foram derrubados os presidentes, e continuam hoje na Líbia, Iêmen e Síria.

O Fórum abordará igualmente nas intervenções, mesas redondas, oficinas e conferências o futuro político do Oriente Médio as raízes econômicas que provocaram o atual descontentamento social nos Estados árabes e a influência de potências ocidentais na região.

Os grandes desafios sócio-econômicos desta região do mundo, em particular o desemprego, a demografia, educação, inflação, energia, alimentação e falta de infraestruturas, junto à corrupção e as carências democráticas, provocam polêmicas muito sugestivas.

De Doha, Ulises Canales, enviado especial da agência Prensa Latina