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Morte de bin Laden: Um momento oportuno para Obama?

Em um momento em que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, atravessa um panorama complexo dentro de seu governo, a morte de Osama bin Laden poderá ajudá-lo na reeleição ao cargo em 2012.

"Eu dei a ordem", disse Obama, a revelar detalhes sobre a captura e morte no Paquistão do "inimigo número um dos Estados Unidos", tido e havido como o mentor dos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

A notícia ocupa as capas dos principais jornais do país. O The New York Times coloca na sua manchete, em letras garrafais, "Bin Laden está morto", enquanto o The Washington Post usou duas colunas a frase Osama bin Laden está morto, "fez-se justiça", uma frase dita pelo próprio presidente na noite de domingo (1º/5).

O caso é que os resultados da operação iniciada em agosto do ano passado, quando Washington recebeu "uma pista muito vaga, tênue, em relação à posição" do chefe do grupo al-Qaida, chega em um momento que pode ser traduzido pelo ditado popular: "é a sopa no mel".

Haverá um ponto de mudança. Talvez Obama seja lembrado como o primeiro negro a ocupar o cargo de presidente e, além disso, como o que deu a ordem de capturar e matar o homem mais procurado dos Estados Unidos.

Com isso, Obama se afirma, aumentará sua popularidade e quase tem nas mãos o segundo mandato na Casa Branca, pois os ânimos do eleitorado se reanimaram.

O atual ocupante do gabineto oval tenta ultrapassar o temporal de uma economia que, apesar de uma reanimada, segue sem recuperação, uma realidade que atinge os cidadãos e ameaça refletir-se nas urnas.

Por exemplo, durante a recessão, que começou em dezembro de 2007 — considerada a mais profunda e prolongada em quase oito décadas — os Estados Unidos perderam mais de 8 milhões de postos de trabalho e, na atualidade, o índice de desemprego ronda os 9%.

A isto se somam os problemas pelas promessas de campanha não cumpridas por Obama, como o centro de detenção e tortura do Pentágono na base naval situada em Guantânamo, território ocupado ilegalmente no leste de Cuba.

Um tema que voltou ao plano de ideias, ao serem revelados, há poucos dias pelo site WikiLeaks, telegramas secretos que demonstram as irregularidades e abusos contra os prisioneiros naquele campo de concentração, o que foi criticado por defensores dos direitos humanos.

E a exigida reforma migratória integral, que foi motivo de manifestações intensas em todo o país justamente no May Day (em inglês, a celebração do Dia Internacional dos Trabalhadores).

Centenas de milhares de imigrantes, boa parte deles de latinos, marcharam pelas ruas de Nova York para exigir a instauração da medida e lançaram lemas como: "Nenhum ser humano é ilegal" e "somos trabalhadores, não criminosos". Algo similar repetiu-se em Nova Jersey e Connecticut.

Entretanto, o gasto público foi feito em cavalo de batalha por republicanos e democratas, na qual Obama se encontra no meio dos dois grupos, tentando encontrar uma interseção que consiga limitar o excessivo déficit do país.

Em todas essas "pinceladas", dentro do cenário político, cabe agregar também as campanhas de descrédito contra o presidente feitas pelos seus possíveis adversários nas eleições presidenciais do ano que vem.

Donald Trump, estrela da televisão e um magnata dos negócios imobiliários, faz o que pode para colar na mídia e na cabeça dos eleitores o assunto requentado da falsa cidadania estadunidense de Obama.

Contra isso Obama teve de dedicar parte de seu tempo. Em um fato inédito no país, o chefe de Estado teve de apresentar publicamente sua certidão de nascimento, para silenciar os rumores lançados por Trump.

O certo é que foi em nome da captura de bin Laden, um homem que no passado foi treinado pela Agência Central de Inteligência (CIA), que o presidente George W. Bush iniciou uma "cruzada mundial contra o terrorismo", pretexto para a invasão do Afeganistão e do Iraque.

De uma forma ou de outra, Bush conseguiu fazer Osama aparecer no noticiário quando mais precisava do "terrorista", foi assim que fez para, mais de uma vez, aumentar sua popularidade nas pesquisas e quando se apresentou como candidato para a reeleição em 2004.

É curioso que, quase uma década depois do início da busca de Osama bin Laden pela Casa Branca, agora, por fim, a maior potência militar do mundo tenha sido capaz de situar e matar o suposto chefe da organização acusada de terrorismo.

Os analistas poderão considerar esse "xeque-mate" como parte da estratégia eleitoral de Obama.

Fonte: Prensa Latina