Capistrano: Nelson Werneck Sodré e a historiografia brasileira.
A historiografia brasileira deve muito a Nelson Werneck Sodré, são mais de 60 livros escritos, fora artigos publicados em jornais e revistas especializadas. Ele escreveu, desde experiências pessoas tais como Memórias de um Soldado e Memórias de um Escritor, livros belíssimos que contam a sua trajetória de vida, como militar e como um dos mais importantes intelectuais do nosso país, até a Farsa do Neoliberalismo, livro que enfoca a questão da globalização e as mutações do capitalismo.
Publicado 28/04/2011 14:44 | Editado 04/03/2020 17:07

Sempre tive uma grande admiração por ele, era um grande patriota, um verdadeiro militar nacionalista, chegou ao posto de general, mantendo as suas convicções marxistas. Tive os primeiros contados com o seu trabalho no inicio dos anos sessenta, se não me engano foi com o seu livro sobre literatura brasileira, na época ele General da reserva, um general marxista, era o máximo.
Werneck fez parte da ala nacionalista das forças armadas, foi professor muitos anos da Escola Militar, nesse período existia muitos militares de esquerda. Com o golpe de 1964 respondeu inquérito policial/militar, na reserva desde 1961, passou a dedica-se ao que sempre gostou de fazer, escrever sobre o nosso país, deixando um grande legado interpretativo e analítico do nosso processo de formação histórica.
Alguns anos atrás, conversando com Luis Damasceno, na livraria do Centro de Convivência da Universidade Federal, falando sobre Nelson Werneck Sodré, Luis lembrou o nome de Marcos Silva, um velho amigo dos papos do Grande Ponto nas décadas de 1960/70, hoje, Marcos é professor da USP e um dos mais conceituados especialistas da obra de Werneck Sodré. Marcos Silva, é Doutor pela USP e tem pós-doutorado pela Universidade de Paris, companheiro do tempo das cocadas na Praça Kennedy, escreveu o Dicionário Crítico de Nelson Werneck Sodré, obra de suma importância para uma concepção correta do pensamento do mestre Sodré.
Num papo com o jornalista Afonso Laurentino, na Potylivros, falando sobre a presença em Natal do Historiador Marcos Silva e o trabalho de pesquisa que Marcos realizou sobre a obra de Nelson Werneck Sodré, surgiu à idéia da realização de um seminário que seria realizado simultaneamente em Natal e Mossoró, seminário esse sobre a importância de Nelson Werneck Sodré para a historiografia brasileira. Marcos veio ao nosso estado e participou de debates sobre Werneck Sodré na Uern e na Ufrn, foi um excelente momento de discussão.
Discutir a obra de Werneck é pensar o Brasil de forma clara e lúcida, é trazer para as novas gerações as idéias de um dos mais brilhantes pensadores do nosso país que juntamente com outros intelectuais como Manuel Bomfim, Josué de Castro, Darcy Ribeiro, Alceu do Amoroso Lima, Caio Prato Júnior, Sérgio Buarque, Barbosa Lima Sobrinho, Florestan Fernandes, José Honório Rodrigues, Euclides da Cunha, Octavio Ianni, Antonio Candido, Anísio Teixeira, Paulo Freire, Edgard Carone ajudou-nos a entender os problemas do nosso imenso país e os caminhos da superação desses problemas.
Agora, no mês de abril de 2011, dia 27, completou 100 anos do nascimento desse grande brasileiro, ele merece todas as homenagens, não só dos departamentos acadêmicos das nossas universidades, como também, da intelectualidade e da classe trabalhadora do nosso país. Nelson é um dos intérpretes da nossa história, ele pensou o nosso país, investigou as causas das nossas mazelas e procurou o caminho da nossa independência, era um verdadeiro marxista, convicto da justeza das suas ideia.