Sem categoria

Homem que vendeu arma a atirador de Realengo é encontrado

O homem que assumiu ter vendido o revólver calibre 38 usado por Wellington Menezes de Oliveira, autor do massacre em Realengo, zona oeste do Rio, disse que o atirador alegou defesa pessoal como motivo para comprar a arma.

Manoel de Freitas Louvise, de 57 anos, afirmou que, caso soubesse da intenção de Wellington, teria levado o assassino à polícia. "Ele disse que a arma era para sua proteção, pois iria morar sozinho em Sepetiba [zona oeste]. Não matei ninguém. Se eu soubesse que ele iria fazer isso, eu mesmo tinha entregado ele à polícia", disse Manoel.

Ele tinha a arma desde 1978 e contou que aceitou fazer o negócio porque precisava do dinheiro (R$ 1.200) para reformar um carro. Para concretizar a venda, o segurança impôs a condição de que Wellington raspasse a numeração que identificava o revólver. "Eu estava precisando de dinheiro para reformar um carro, por isso vendi", confessou.

O vendedor da arma foi preso nesta quinta-feira (14). Segundo ele, o dinheiro pago incluía no pacote, além da arma, munições e carregadores utilizados pelo assassino no massacre.

Segundo a polícia, o revólver e os acessórios foram vendidos em setembro do ano passado. O segurança trabalhava na mesma empresa de Wellington e foi lá que, segundo Manoel, o atirador começou a fazer perguntas sobre compra de armas.

De acordo com o Delegado Felipe Ettore, da Divisão de Homicídios, a polícia chegou até o segurança graças a um exame de metalografia, feito no ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), que verificou a numeração do revólver mesmo estando raspada.

"A arma estava registrada em nome dele. Ele não tinha porte, mas podia ter a arma em casa. Agora foi denunciado duas vezes pelo crime de comércio ilegal de arma de fogo e pode pegar de quatro a oito anos de prisão", explicou o delegado.

A Delegacia informou também que Wellington agiu sozinho. Segundo a polícia, o atirador procurou os intermediários, comprou as armas e planejou o massacre.

Entenda o caso

Por volta das 8h de quinta-feira (7), Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, entrou no colégio após ser reconhecido por uma professora e dizer que faria uma palestra (a escola completava 40 anos e realizava uma série de eventos comemorativos).

Armado com dois revólveres de calibres 32 e 38, ele invadiu duas salas e fez vários disparos contra estudantes que assistiam às aulas. Ao menos 12 morreram e outros 12 ficaram feridos, de acordo com levantamento da Secretaria Estadual de Saúde.

Duas adolescentes, uma delas ferida, conseguiram fugir e correram em busca de socorro. Na rua Piraquara, a 160 m da escola, elas foram amparadas por um bombeiro. O sargento Márcio Alexandre Alves, de 38 anos, lotado no BPRv (Batalhão de Polícia de Trânsito Rodoviário), seguiu rapidamente para a escola e atirou contra a barriga do criminoso, após ter a arma apontada para si. Ao cair na escada, o jovem se matou atirando contra a própria cabeça.

Com ele, havia uma carta em que anunciava que cometeria o suicídio. O ex-aluno fazia referência a questões de natureza religiosa, pedia para ser colocado em um lençol branco na hora do sepultamento, queria ser enterrado ao lado da sepultura da mãe e ainda pedia perdão a Deus.

Os corpos dos estudantes e do atirador foram levados para o IML (Instituto Médico Legal), no centro do Rio de Janeiro, para serem reconhecidos pelas famílias. Onze estudantes foram enterrados na sexta-feira (8) e uma foi cremada na manhã de sábado (9).

O corpo do atirador permanece no IML. Ele ficará no local por até 15 dias aguardando reconhecimento por parte de um familiar e liberação para enterro. Caso isso não ocorra, o homem pode ser enterrado como indigente a partir do dia 23 de abril.

Fonte: R7