BA: Universalizar o acesso à saúde é um desafio

Universalizar o acesso e garantir saúde pública de qualidade é a grande meta a ser atingida no Brasil. Na Bahia, a situação não é diferente. Apesar dos investimentos feitos pelo governo federal e estadual, a rede de hospitais e postos de atendimento está longe de conseguir suprir a necessidade da população, principalmente da mais pobre, que depende exclusivamente dos serviços públicos. Por isso, este 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, ainda não pode ser comemorado no estado.

A falta de financiamento adequado é o grande problema da área, mas ainda assim o governo do estado tem trabalhado para ampliar a rede física de hospitais e postos de saúde, além de investir na contratação e capacitação dos profissionais envolvidos no atendimento. “Nós continuamos na estruturação da rede assistencial. Construímos cinco novos hospitais e estamos em via de construir o sexto. Estamos implantando quatro unidades de pronto atendimento, 24 horas, – em Salvador, Barreiras, Vitória da Conquista e Feira de Santana – para ajudar no atendimento de urgência. Estamos reformando e ampliando hospitais em diversas cidades do estado”, informou o superintendente de Assistência Farmacêutica, Ciência e Tecnologia em Saúde, Alfredo Boa Sorte.

A Secretaria Estadual de Saúde está ampliando também a assistência farmacêutica, com a continuação dos serviços de medicamentos em casa e aumentando a distribuição dos remédios de alto custo, com investimento de mais de 100 milhões de reais, além da Farmácia Popular, em parceria com o governo federal. Investiu também na ampliação do atendimento do Samu 192, com meta de cobertura de 75% do estado este ano e 100% em 2012. Todas estas ações visam ampliar o acesso ao atendimento, que ainda está longe de ser o ideal.

“O grande problema que nós tínhamos era a ampliação do acesso. Hoje continua sendo a questão do acesso, só que com qualidade e humanização. Esta é a grande diretriz do governo do estado, que quer garantir o acesso da população aos serviços de saúde com qualidade e humanização. Esta diretriz se traduz em ações como a ampliação do número de leitos normais e de UTI, regionalização do acesso, descentralização dos serviços, com a interiorização dos serviços de alta e média complexidade”, acrescentou a superintendente de Atenção Integral á Saúde da Bahia, Gisélia Santana.

Para ela, o grande desafio é mudar o modelo hospitalocêntrico, onde a maior parte dos recursos são gastos em hospitais, enquanto a Organização Mundial da Saúde preconiza que 80% dos problemas de saúde podem ser resolvidos na rede de atenção básica, sem a necessidade de hospitais. “Se nós temos um programa de saúde da família que consegue atender bem e controlar questão como pressão alta, diabetes e outras doenças mais simples, só 15% iriam para a rede de atenção de média complexidade e apenas 5% iria para os hospitais. Ou seja, o que nós precisamos é ter financiamento para que os municípios tenham uma boa estruturação de atenção básica, com consultas e exames simples, para melhorar o atendimento em saúde no país”, disse Gisélia.

Sem recursos suficientes para a rede de atenção básica, a população lota os hospitais dos grandes centros e não conseguem o atendimento que precisam com a urgência e a eficiência necessária. Por isso, ainda não dá para comemorar o Dia Mundial da Saúde. “Hoje se transformou em um dia de protesto, porque o preceito básico da saúde não está sendo cumprido. No setor privado, existe uma pressão econômica muito grande em cima da população, inviabilizando o acesso a cerca de 80% aos planos de saúde. No segmento público, estamos vendo a tentativa de privatização do SUS. Fato que preocupa muito, pois atinge a grande maioria da população. Assim o dia 7 de abril só pode ser um dia de protesto”, argumentou o vice-presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia, Francisco Jorge Magalhães.

De Salvador,
Eliane Costa