Proposta para acabar com vestibular da UFES

Pró-reitor de Graduação quer que nota do Enem seja a única forma de ingresso de candidatos. Mudança já valeria neste ano

Por Leticia Orlandi e Luísa Torre
(Jornal A Tribuna)

Mudança no Vestibular da UFES
Para acabar com a sobra de vagas que tem acontecido nos últimos vestibulares da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) vai fazer uma proposta de mudar o processo seletivo da universidade. Uma das referências para a mudança é adotar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como etapa única, acabando assim com o vestibular.

A proposta já valeria neste ano, caso seja aprovada pela câmara da Prograd e também pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da Universidade. Segundo o pró-reitor de Graduação da Ufes, Sebastião Pimentel, o objetivo é resolver o problema da sobra de vagas.

No vestibular deste ano, sobraram 466 vagas. Em 2010, restaram 654 vagas no processo seletivo. Já em 2009, foram 506. “Algumas universidades que adotaram o Sisu (Sistema de Seleção Unificada do Ministério da Educação), que utiliza a nota do Enem, ganharam mais visibilidade”.

A tendência é ter cinco vezes mais candidatos e isso pode ser um caminho para que a gente não tenha sobra de vagas”, explicou. Ele exemplificou algumas instituições de ensino superior que resolveram o problema da sobra de vagas: as universidades rurais do Rio de Janeiro e de Pernambuco. Pimentel disse que a proposta vai começar a ser avaliada em uma reunião da câmara de graduação, que acontece no dia 28 de abril. A câmara é composta pelos coordenadores de todos os cursos.

A partir do que for discutido na câmara, a Prograd vai levar a proposta para o Cepe, que tem decisão soberana quando o assunto é vestibular, segundo o pró-reitor. O Ministério da Educação (MEC) informou que, para utilizar o Sisu, a instituição deve assinar um termo de adesão ao sistema.

Sobre as mudanças previstas no sistema de cotas, o secretário de Inclusão Social da Ufes, Antonio Carlos Moraes, destacou que ainda não há previsão de alterações. Segundo ele, as reuniões do Cepe acontecem quinzenalmente e, normalmente, as mudanças do vestibular são votadas no final do primeiro semestre.

ENTREVISTA SEBASTIÃO PIMENTEL

“Ideia é eliminar a sobra de vaga”
A TRIBUNA – Como está a discussão para o processo seletivo na Ufes?

SEBASTIÃO PIMENTEL – A Prograd (Pró-Reitoria de Graduação) tem intenção de fazer uma discussão sobre as formas de ingresso na universidade. No Brasil, as universidade têm caminhado no sentido de adotarem outras formas de ingresso, como a forma unificada, pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada do MEC), que é feita com base na performance do Enem.

A TRIBUNA – Como isso vai ser feito?

Vamos discutir na próxima reunião da Câmara de Graduação e dentro de um seminário que a Prograd estará promovendo a partir de maio, onde vamos trazer representantes do MEC para falar sobre como tem sido o ingresso de alunos pelo sistema unificado e com a nota do Enem.

A TRIBUNA – Por que utilizar a nota do Enem?

Em algumas universidades onde havia problema de sobra de vagas, como a Ufes, a participação no sistema unificado conseguiu dar a elas uma visibilidade maior e a tendência é ter cinco vezes mais candidatos. Ao usar o Enem, a ideia é eliminar a sobra de vagas.

A TRIBUNA – O modelo de vestibular de hoje está defasado?

Não é um modelo que está ultrapassado, até porque nós encontramos o modelo localizado em algumas áreas. O que vamos fazer é diagnosticar o fenômeno da sobra de vagas para mudar o sistema.
A TRIBUNA – Então o Enem é uma opção?

O que a gente tem percebido, do caso de outras universidades, é que o problema da sobra desaparece com a adoção do Sisu. Por isso, vamos nos debruçar sobre essa questão e levar para os membros do Cepe. É preciso que a comunidade universitária discuta o assunto.
 

(edição de 31 de Março 2011)