Gilse Cosenza e Helena Serra serão homenageadas na AL

 A Assembleia Legislativa do Ceará prestará, na próxima segunda-feira (21/03), a partir das 10h, no plenário Treze de Maio, homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março. A iniciativa foi dos deputados Lula Morais, Téo Menezes, Eliane Novais, Raquel Marques, Professor Teodoro e Inês Arruda.

Entre as homenageadas deste ano, estão as comunistas Gilse Cosenza e Helena Serra Azul. Para o deputado Lula Morais é uma grande honra homenagear Gilse Cosenza e Helena Serra Azul, mulheres batalhadora, que têm história de luta pelos direitos das mulheres e pela democracia no país. Segundo o parlamentar, Gilse Cosenza foi a responsável por seu ingresso no PCdoB em 1979. “Foi ela quem me fez entrar na política pelos ideais coletivos”, afirma.

Lula Morais também reconhece a importância da trajetória de militância política de Helena Serra Azul. “Uma mulher brava e guerreira que não se intimidou com as dificuldades imposta pela clandestinidade”, enfatizou o deputado.

Mais sobre Gilse Cosenza

Gilse era integrante de uma lista de 17 estudantes, a única mulher do grupo e considerada perigosa, pois além de progressista era inteligente por ter passado em primeiro lugar na Pontífice Universidade Católica (PUC) e ter notas acima de 9,5. Depois de formada, foi obrigada a fugir e viver na clandestinidade, mudou de nome e começou a trabalhar em uma fábrica têxtil em Belo Horizonte, a Renascença. Casou-se na clandestinidade e logo depois engravidou. Continuou todos os trabalhos que fazia, as reuniões madrugada a dentro, a panfletagem e tudo que poderia fazer para ajudar os companheiros de luta.

Em uma dessas reuniões, Gilse não parava de ir ao banheiro, quando descobriram que sua bolsa tinha se rompido. Achava que não, pois estava de oito meses de gravidez. Foi levada para o Hospital das Clínicas e descobriu que iria ter gêmeos. Os companheiros que a acompanhavam tiveram que conseguir um médico progressista, pois ali ela seria descoberta e presa.

Conseguiram um médico espírita que fez o parto e não cobrou pelos serviços. As crianças tiveram que permanecer no hospital na incubadora para ganhar peso. Depois de quinze dias uma das gêmeas morreu e Gilse ficou apenas com uma das meninas. Quando sua filha Juliana completou quatro meses, Gilse foi presa pela ditadura e submetida a torturas físicas e psicológicas, com espancamentos, choques elétricos e pau-de-arara, além de estupros. Os militares ameaçavam pegar sua filha Juliana e torturá-la caso não colaborasse com os inquéritos. Depois de tudo o que sofrera, Gilse foi libertada por um advogado que também era progressista e que a aconselhou sumir, pois se a pegassem novamente ela poderia até morrer. Por esse motivo Gilse teve de continuar na clandestinidade. Foi para São Paulo e reencontrou o marido, teve outra filha e foi convidada a comandar a militância no Ceará, onde permaneceu por nove anos.

Gilse é personagem do livro As Moças de Minas, de Luis Manfredini, editado pela Alfa Omega. Com o subtítulo Uma história dos anos 60, o livro narra a trajetória de cinco jovens ligadas à organização revolucionária Ação Popular (que, no início dos anos 70, viria a incorporar-se no PCdoB), em sua luta contra o regime militar então vigente no Brasil. Abandonaram a estabilidade e o conforto da vida que levavam nas cidades para se misturarem a operários e camponeses e neles despertar a semente das lutas sociais. Sentiram na carne as privações da clandestinidade, as dores das torturas e da prisão de companheiros e companheiras. Enfrentaram com bravura um dos mais terríveis aparatos repressivos da América, mas anos depois sua luta frutificaria, quando o regime militar por fim caiu. Hoje, Gilse Cosenza faz parte da direção do PCdoB e também atua no movimento popular da mulher.

A trajetória de Helena Serra Azul

Helena Serra Azul Monteiro é médica, com Pós Doutorado na Universidade do Kentucky(EUA), professora e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará, casada com Francisco Monteiro (Chico Passeata), mãe de Manuel Carlos e Janaina, avó de João José (12 anos) e Samuel (4 anos).

A jovem Helena iniciou sua militância política na Juventude Estudantil Católica (JEC), quando secundarista, fazendo parte da diretoria do grêmio do colégio São João (1964/1965). Participou ativamente do movimento estudantil universitário, atuando na organização conhecida como Ação Popular (AP). A exemplo de tantos outros heróis que ousaram lutar contra a ditadura militar no Brasil, foi obrigada a entrar na clandestinidade após a vigência do Ato Institucional número cinco, AI-5 (dezembro de 1968). O destino escolhido foi o estado de Pernambuco, onde se integrou ao trabalho no campo na Zona da Mata. Pouco tempo depois, foi presa e condenada pela justiça Militar em Pernambuco, permanecendo detida no Presídio Feminino do Bom Pastor, em Recife, por dois anos (1969/1971), na prisão nasceu seu primeiro filho. Em 1972 retornou a Fortaleza, sendo sequestrada e novamente presa.

Apesar das perseguições e torturas sofridas no cárcere, Helena Serra Azul concluiu o curso de Medicina (1976) e a Residência em Clínica Médica (1979) na Universidade Federal do Ceará.

Motivada pela perseguição política e, consequentemente, a dificuldade de conseguir emprego no Ceará, Helena parte para Campinas, junto com toda a família. Em terras paulistas, segue firme na luta política, participando do Sindicato dos Médicos de Campinas e, posteriormente, eleita Vice Presidente da APROPUCC (Associação dos Professores da PUC Campinas).

De volta ao Ceará, foi Vice Presidente da região Nordeste II das ANDES (1998-1999) e presidente da Associação de Docentes da UFC (ADUFC) nos períodos de 1999-2001 e, novamente, em 2005-2007. Atua como representante dos Coordenadores de Pós Graduação da UFC, junto ao Conselho Universitário (2008-2009). Além de expressiva liderança sindical, Helena Serra Azul consolidou uma brilhante e notável carreira acadêmica.

Atualmente é Coordenadora do Programa de Pós – Graduação em Farmacologia do Departamento de Fisiologia e Farmacologia, UFC (2008-2011); professora do Departamento de Fisiologia e Farmacologia e da Pós-Graduação em Farmacologia (UFC); orientadora de Mestrado, Doutorado e Pós Doutorado; pesquisadora do CNPQ; líder do grupo de pesquisa LAFAVET (Laboratório de Farmacologia de Venenos Toxinas e Lectinas); membro efetivo da Sociedade de Farmacologia e Terapêutica (SBFTE), da Sociedade de Clínica Médica, da Sociedade Brasileira de Toxinologia (participou da diretoria 2004-2006), membro da International Society Toxinology (IST), possuindo mais de uma centena de trabalhos publicados em revistas indexadas internacionais e nos anais de congressos nacionais e internacionais. Participa do Comitê Gestor do Instituto de BioMedicina do Semi-Árido Brasileiro, aprovado pelo CNPq.

Militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) desde 1980, atualmente é membro do Comitê Estadual, continua na luta por uma sociedade mais humana e justa na perspectiva do Socialismo.

Fonte: Assessoria do Deputado Lula Morais