Eliana Gomes: A luta feminista e a trajetória das mulheres

 

 O 8 de março promove o debate sobre a condição feminina nas mais diversas dimensões da vida em sociedade. As mulheres brasileiras saíram às ruas em favor de igualdade de direitos e conquista da cidadania.

A luta era por visibilidade e reconhecimento da mulher como sujeito político. Era necessidade de expor as questões femininas que se acirravam no capitalismo. Se por um lado, o capitalismo e suas ideologias avançam em tratar a condição feminina como tema que deve ser levado em consideração; por outro lado, aprofunda a desigualdade entre as classes e, consequentemente, entre gêneros, raças, etnias, condições físicas – intelectuais e orientações sexuais, padronizando um modelo masculino, branco, heterossexual, detentor do espaço público e chefe de família.

Às mulheres é concedida a casa; o trabalho fora de casa, desde que fosse compreendido como extensão do lar e contribuição à economia doméstica que também precisaria ser gerida por ela. O modo de produção capitalista é reinventado no lugar físico, cultural, político e social, constituído para abrigar a nova forma de produzir a riqueza: as cidades.

No ano em que o Estatuto da Cidade completa 10 anos em nosso país, como vivem as mulheres na cidade? Este é tema de primeira hora e que não se encerra numa agenda avançada de políticas públicas com recorte de gênero, mas, pela participação política das mulheres nos fóruns de decisão da cidade, da presença nas casas legislativas e nas gestões públicas, no cumprimento das leis de igualdade – equidade, previstas na Constituição e na Lei Orgânica dos Municípios, além do fortalecimento de bens e serviços públicos que possam abrigar as diversidades femininas.

Apesar dos avanços e do esforço político dos movimentos e entidades feministas e sociais e o Estado, as brasileiras, sobremaneira as negras, pobres e chefes de família, ainda padecem da falta de visibilidade no espaço urbano.

Aprofundar o direito das mulheres à cidade é um indicador político, econômico e cultural para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e solidária. Embora esta não seja uma tarefa para o mundo capitalista, é no leito dos dias atuais que acumularemos forças para garantir conquistas e consolidar uma nova trajetória das mulheres na cidade.

Eliana Gomes é Vereadora de Fortaleza pelo PCdoB

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