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ONU e Liga Árabe debatem crise na Líbia

O Conselho de Segurança da ONU realizará nesta terça-feira (22) uma reunião especial para abordar a crise na Líbia. A reunião acontecerá a pedido do embaixador adjunto da Líbia na ONU, Ibrahim Dabbashi, que na segunda-feira (21) assinalou em declarações à emissora CNN que o presidente líbio, Muamar Kadafi, deve "deixar o poder o mais rápido possível". Ele afirmou ainda que a comunidade internacional deve "evitar que (Kadafi) se refugie em outro país".

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, expressou sua preocupação com a rápida deterioração da situação no país africano e pediu que Kadafi cesse imediatamente a violência e respeite os direitos humanos do povo líbio. Ban Ki-moon também se mostrou "indignado" com as informações de que autoridades líbias teriam utilizado aviões de combate e helicópteros para disparar contra manifestantes, e chegou a pedir ao líder do país africano proteção aos direitos humanos.

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"Disse a ele (Kadafi) que deve proteger completamente os direitos humanos e a liberdade de reunião e expressão", afirmou em Los Angeles Ban Ki-moon. O secretário-geral da ONU destacou que conversou por mais de 40 minutos com o presidente líbio.

Ataques

Segundo a rede Al Jazeera, pelo menos 250 pessoas morreram na segunda-feira (21) em Trípoli nos bombardeios da Aeronáutica líbia contra os manifestantes que reivindicam a queda do regime de Kadafi, no poder desde 1969. A Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH) assinalou que a violenta repressão exercida pelo regime de Kadafi já deixou entre 300 e 400 mortos desde 15 de fevereiro.

O porta-voz da ONU, Martin Nesirky, assinalou que, se "esses ataques contra civis forem confirmados, representarão uma séria violação da lei humanitária internacional". Ban reiterou sua chamada "ao respeito dos direitos humanos e das liberdades básicas fundamentais, incluindo os direitos à associação pacífica e à informação". O secretário-geral da ONU fez o apelo para que as autoridades líbias "se comprometam a manter um diálogo amplo para tratar das legítimas preocupações da população".

O embaixador adjunto da Líbia na ONU também exortou Kadafi a "deter o massacre do povo líbio. O povo líbio foi suficientemente paciente durante os últimos 42 anos", segundo declarações à CNN. O diplomata líbio pediu à comunidade internacional que não permita que o governante escape da Líbia e se refugie em outro país, solicitando ainda que se vigie o dinheiro que sair de seu país, ao tempo que qualificou a situação de "genocídio".

Segundo testemunhos de cidadãos do país, especialmente os moradores de Trípoli e Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia, várias centenas de pessoas morreram nos últimos dias nos violentos enfrentamentos com as forças leais a Kadafi.

Guerra psicológica

Por outro lado, o filho do líder líbio, Seif al-Islam, afirmou que os aviões militares bombardearam apenas depósitos de armas situados longe das zonas urbanas e negou que tenham lançado bombas sobre a população, segundo a emissora de TV estatal líbia. A emissora divulgou nesta terça-feira (22) uma mensagem oficial classificando de "falsos rumores" as informações que dão conta de massacres em diversas localidades do país.

O comunicado assegura que as notícias sobre os massacres e o emprego da força militar para sufocar a revolta no país fazem parte de uma "guerra psicológica". A mensagem oficial reitera que "estas informações falsas" são divulgadas pelas "cadeias via satélite confabuladas nestes últimos dias contra o povo líbio".

O governo de Muamar Kadafi acrescenta que tais notícias tentam "destruir" a moral dos líbios e "desestabilizar" o país. O comunicado apela para que os líbios permaneçam junto "à segurança e à unidade do país", ao tempo em que convoca a população para "combater os planos inimigos". O coronel Kadafi também fez um pronunciamento na TV estatal afirmando que não deixará o país.

Liga Árabe

A Liga Árabe também se reunirá nesta terça-feira (22) no Cairo, capital do Egito, para examinar a crise na Líbia, cenário de distúrbios cada vez maiores. O encontro contará com a participação de embaixadores dos 22 membros da organização. O secretário da Liba Árabe, Amr Musa, manifestou nesta segunda "extrema inquietação" com a violenta repressão às manifestações contra o coronel Muamar Kadafi.

Musa pediu o fim de todas as formas de violência. "As reivindicações de todos os povos árabes, que exigem reformas, desenvolvimento e mudança são legítimas e compartilhadas no mundo árabe, sobretudo neste momento da história árabe", afirmou. O representante permanente da Líbia na Liga Árabe, Abdel Moneim al-Honi, renunciou ao cargo no domingo (20) para aderir à "revolução" no país.

Com informações das agências