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Iêmen: manifestantes voltam às ruas para 4º dia de protestos

Manifestantes voltaram às ruas das principais cidades do Iêmen nesta terça-feira (15) em protesto contra o governo do presidente Ali Abdallah Saleh. Há 32 anos no poder, Saleh – aliado dos Estados Unidos – assumiu o governo depois de um golpe militar. Os protestos de hoje são liderados por estudantes universitários.

Ontem (14) foram registrados conflitos, na capital iemenita, Sanaa. Inspirados nas recentes e bem-sucedidas insurreições populares na Tunísia e no Egito, manifestantes contrários ao governo Saleh marcharam em várias partes da capital ostentando cartazes antigoverno e gritando palavras de ordem como “Ei, Ali, cai fora”.

Confronto

No campus da Universidade de Sanaa, manifestantes foram agredidos por simpatizantes do presidente vestidos à paisana e armados com paus, pedras e garrafas de vidro quebradas. Ao menos cinco pessoas firam feridas.

No último domingo (13), dirigentes dos partidos da oposição iemenita disseram aceitar a proposta apresentada no início deste mês por Saleh para estabelecer um diálogo, mas a base militante antigoverno rejeita as conversas.

Negociações

No começo do mês, o presidente avisou que não vai se candidatar à reeleição. A decisão foi anunciada logo depois que surgiram as primeiras sinalizações de insatisfação popular no Iêmen e houve o agravamento da crise no Egito e a onda de protestos na Tunísia.

A oposição, no entanto, condiciona o diálogo à divulgação de um calendário detalhado para as eleições, à execução de reformas políticas e judiciais e ao afastamento de todos os parentes do Saleh de cargos públicos. Uma das exigências é que ele não transfira os poderes para o filho nem prolongue seu mandato presidencial, que, de acordo com a Constituição, terminará em 2013.

Anistia Internacional

Em comunicado emitido em Londres, a Anistia Internacional (AI) condenou a "violenta repressão" das forças de segurança iemenitas aos protestos que eclodiram no país.

Agentes das forças de segurança, vestidos de uniforme e à paisana, são acusados de terem atacado, no domingo (13), na capital Sana, cerca de duas mil pessoas que se manifestavam pacificamente – com cassetetes elétricos. Um dia depois, mais manifestantes foram agredidos na capital e em Taizz, denunciou a ONG.

"Horrorizam-nos as informações sobre ataques violentos a pacíficos manifestantes pelas forças de segurança", assinalou a ONG, que apela no comunicado para que o governo iemenita "ponha freio imediato" nesses atropelos dos direitos humanos. O advogado Khaled al-Ansi contou à AI que ouviu manifestantes gritando "eletricidade!" enquanto eram espancados.

"Não deve ser permitido o uso de cassetetes elétricos por parte das forças de segurança iemenitas, dada a persistência das práticas de tortura no país, pois aquelas podem facilmente abusar delas", adverte Philip Luther, diretor-adjunto da AI para o Oriente Médio e o Norte da África.

Da redação com agências