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Centrais pressionam para governo seguir a pauta dos trabalhadores

No início do mandato da presidente Dilma Rousseff, as centrais sindicais não apenas reivindicam o aumento real do salário mínimo para atender às suas bases. O movimento pretende influenciar os rumos da política econômica do governo, sem abrir mão das conquistas históricas obtidas na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas o apoio a Dilma, declarado já na campanha eleitoral de 2010, não está sob risco. “Não vamos romper. Somos parceiros e apoiamos Dilma", diz o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), presidente da Força Sindical e um dos principais críticos do valor de R$ 545 proposto pelo Executivo para o mínimo. "Nossa ideia é disputar com a política econômica. Queremos mostrar que o arrocho é a política dos derrotados, de quem estava no governo lá atrás, antes de Lula assumir. Dilma disse que o governo seria de continuidade.”

Já Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), afirma que o esforço das centrais é evitar que o governo aposte em medidas de arrocho fiscal e aposte no crescimento com distribuição de renda. "O debate que está por trás do salário mínimo é qual o rumo que o governo vai tomar. Um lado defende uma política mais financista, de arrocho, e o outro quer investimento em infraestrutura para crescer", esclarece.

As centrais preparam uma manifestação no Congresso para pressionar o governo a aumentar o valor do mínimo para R$ 580, na terça-feira, véspera da data prevista para a votação do projeto de lei enviado pelo Executivo. “Queremos só que o governo opte pelo aumento do salário mínimo — e não pelos juros", afirma Ricardo Patah, da União Geral dos Trabalhadores (UGT).

Pela regra acertada com os sindicalistas em 2007, o mínimo deve ser reajustado por uma fórmula que leva em conta a taxa de inflação do ano anterior e a variação do PIB de dois anos antes. O aumento do piso de R$ 510 para R$ 545 não proporciona ganho real, porque o PIB não cresceu em 2009 (retrocedeu 0,2%).

Ao mesmo tempo, lideranças sindicais tentam marcar uma postura de independência frente ao governo federal. "O fato de termos ficado ao lado da presidente não significa que vamos apoiar tudo", diz João Carlos Gonçalves, o Juruna, da direção da Força Sindical. "Os movimentos sociais têm que estar atentos ao governo, que é de coligação, não é de esquerda", diz, ressaltando que há descolamento entre as centrais e o governo.

Em comum, os dirigentes também reclamam da falta de diálogo com Dilma. Apesar da interlocução com Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, presidentes das maiores centrais lamentam que não foram recebidos pela presidente. Para o consultor sindical João Guilherme Vargas Neto, o movimento sindical ainda está "aprendendo a reagir" no novo governo. "As centrais estão passando por uma nova relação com um governo que tem um outro estilo .”

Da Redação, com informações do Valor Econômico